Pesquisa mostra efeitos da má qualidade do sono na vida de caminhoneiros

Entrevistas foram feitas na Itália e revelaram que mais da metade eram roncadores habituais e boa parte estava insatisfeita com a forma de dormir

Pixabay
(foto: Pixabay)

Uma pesquisa com caminhoneiros mostrou que aproximadamente metade sofre de pelo menos um problema respiratório relacionado ao sono que pode levar os motoristas a dormir ao volante.

Considerando que os motoristas são responsáveis por veículos de transporte pesando várias toneladas, as empresas têm uma grande responsabilidade para garantir que seus funcionários estejam seguros para dirigir e não corram o risco de adormecer subitamente ao volante.

apneia obstrutiva do sono (AOS) é uma condição comum em que as paredes da garganta relaxam e se estreitam durante o sono, interrompendo a respiração normal. Isso pode causar ronco, interromper o sono e afetar a qualidade de vida, fazendo com que as pessoas se sintam cansadas e sonolentas durante o dia.

A pesquisa mostrou que alguém que é privado de sono devido à AOS pode ter até 12 vezes mais chances de se envolver em um acidente de carro.

Foram medidos altura, peso e circunferência do pescoço, condições médicas, como diabetes e hipertensão arterial, fatores do estilo de vida, tais como se motoristas tinham o hábito de fumar ou usar drogas. Os entrevistados também foram perguntados sobre o tempo que passavam dirigindo, as distâncias percorridas, se dirigiam rotas nacionais ou internacionais e os tipos de mercadorias que transportavam.


As perguntas sobre o sono incluíam:

1. você às vezes para de respirar durante o sono à noite?
2. voce ronca?
3. você acorda precisando urinar urgentemente?
4. você está insatisfeito com o modo como dormiu?
5. você costuma sentir vontade ou precisa dormir durante o dia (exceto após o almoço)?
6. você toma remédios para pressão alta?

Quase 10% dos motoristas disseram que seus parceiros notaram que às vezes paravam de respirar enquanto dormiam; 55% eram roncadores habituais; 43% responderam "sim" a pelo menos duas das perguntas sobre sono e, portanto, corriam o risco de AOS ; 17% tinham pressão alta e 6% tinham diabetes.

Entre os roncadores habituais, os pesquisadores descobriram que 15% também sofriam de AOS.  Além disso, 35% dos roncadores habituais disseram que não estavam satisfeitos com a forma como dormiam e 21% queixaram-se de sonolência durante o dia.


O número de pessoas que ronca aumenta com a idade: 43% em pessoas com menos de 35 anos, 53% em pessoas com idade entre 35 a 49 anos e 64% em aqueles com mais de 50 anos.

Este estudo revelou que a alta prevalência de apneia obstrutiva do sono entre os motoristas de caminhão é maior que a prevalência na população em geral. Isso se deve a um estilo de vida que força os motoristas a se sentarem por várias horas por dia, com pouca atividade física e uma dieta pobre, levando a um risco maior de sonolência diurna excessiva e de cochilos inesperados durante a jornada de trabalho.

Estima-se que a prevalência de AOS na população em geral varie entre 6-17%, com certos grupos com maior risco, como sobrepeso, idosos e algumas minorias étnicas.

As empresas de transporte deveriam obrigar seus motoristas a fazer exames para diagnosticar problemas respiratórios relacionados ao sono.

Para casos mais graves de AOS, tratamentos eficazes como pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAPs) podem ser utilizados. Isso ajuda as pessoas com AOS a respirar mais facilmente durante o sono, o que pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes e também contribuir para reduzir a sonolência do motorista evitando inúmeros acidentes e mortes.


Se você tem dúvidas ou sugestões de temas, mande para silviomusman@yahoo.com.br

Dr.Silvio Musman – médico especialista em Pneumologia, Medicina do Exercício e do Sono