Doce magia dos quintais

21/02/2018 10:48
Certa ocasião, ouvi do mestre Edgard Melo uma definição que sintetiza a simplicidade de nossa culinária: A cozinha mineira é aquela que encontramos ao abrir a porta da cozinha para o quintal.

Mas, como a vida moderna e corrida tem nos privado de muitas sensações e gentilezas quase esquecidas, precisamos, urgentemente, buscar oxigênio para alimentar as mais doces lembranças e preservar as tradições mais representativas de nossa cultura.



Foi assim que Igarapé, que até poucos dias atrás era para mim apenas mais uma cidade às margens de nossas idas e vindas pela estrada, transformou-se numa das mais emocionantes descobertas dos últimos anos.



Lá, escondidos pelo agito da cidade, atrás de portõezinhos e guardados por maravilhosas senhoras de cabeças prateadas, descortinam-se os mais lindos quintais, repletos de todas as nossas gulosas lembranças da infância. Essas cozinheiras, jardineiras e contadoras de histórias preservam o terreiro varrido, as frutas vistosas, as galinhas e patos bem caipiras e toda a família das verdes verduras, incluindo ervas que temperam e curam.



Assim, serralha, ora-pro-nóbis, gondó, couve, taioba e dezenas de outras contam um pouco da história das antigas roças, misturadas ao eterno angu, nos guizadinhos de carne de porco, de galinha, ou somente com feijão. Isso sem contar o cafezinho com as quitandas fumegantes, saídas de forninhos de barro para serem apreciadas embaixo das árvores barulhentas de passarinhos.



Igarapé, antiga sesmaria de Borba Gato, suas cozinheiras e quitandeiras dos quintais mágicos esperam por você numa paradinha entre a próxima ida e vinda pela estrada.



Boa viagem!







Eduardo Avelar

Chefe de cozinha

RECEITAS