O tempo passa diferente para o cirurgião e para o anestesista?

O que é certo? O tempo real ou o percebido? Quem está certo?

Vidal Balielo Jr./Pexels
(foto: Vidal Balielo Jr./Pexels)

Quem é familiarizado com a célebre teoria da relatividade sabe que é possível que o tempo passe de forma diferente para duas pessoas dependendo da velocidade de cada uma. Mas na área médica isso depende da especialidade (risos).

A cena se repete de maneira contumaz. O anestesista pergunta ao cirurgião quanto tempo a cirurgia vai durar, o mesmo estima em duas horas. O cirurgião então devolve a pergunta sobre tempo ao anestesista:

- Quanto tempo para o bloqueio pegar?

- Cinco minutos, o anestesista responde.

Temos aqui estabelecido o paradoxo da velocidade do tempo relacionado à especialidade médica.

O bloqueio que o anestesista falou que ia pegar em cinco minutos, na verdade demoraram dez. Para o cirurgião esses dez minutos duraram duas horas, mais que o tempo da cirurgia. Para o anestesista, cinco minutos, o tempo previsto.

Ao final da cirurgia mais um buraco de minhoca temporal. A cirurgia que o cirurgião disse que ia durar duas horas na verdade demoraram três. Para o cirurgião, somente uma hora se passou na sua percepção, pois ele opera muito rápido, enquanto para o anestesista quatro horas se passaram, quase não dando tempo do bloqueio "segurar" toda a cirurgia.

O que é certo? O tempo real ou o percebido? Quem está certo?

Se para Einstein a equação que explica a deformação do espaço tempo é Energia= mc2, na medicina a explicação é menos matemática, tem relação humana e poética.

No final das contas, ambos, cirurgião e anestesista, trabalham para um mesmo fim: o bem do paciente. O cirurgião querendo diminuir o tempo cirúrgico para evitar complicações, como a infecção do sítio cirúrgico, e o anestesista querendo dar previsibilidade ao procedimento e se planejar para assistir o paciente durante o procedimento da forma mais segura e indolor possível.

Metáforas à parte, no frigir dos ovos mesmo, o tempo pouco importa, mais para um, menos para outro, contanto que objetivo final seja sempre comum e em benefício do paciente.