Os brasileiros exageram em procedimentos estéticos?

País supera os Estados Unidos em cirurgias plásticas para embelezamento, como aumento de seios, lipoaspiração e pálpebras

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Botox é um dos procedimentos estéticos mais comuns no Brasil (foto: Flickr)

Há uma diferença enorme do padrão de consumo de procedimentos estéticos entre os brasileiros e outras culturas, principalmente dos europeus. Lá não é comum que as pessoas busquem por preenchimentos, procedimentos estéticos e cirurgias plásticas como nós fazemos aqui. Há países nos quais os procedimentos e cirurgias plásticas são recursos procurados apenas para fins reparadores como queimaduras, acidentes e situações extremas.

O Brasil é hoje o país que mais consome cirurgias plásticas no mundo, superando Estados Unidos segundo dados recentes do ISAPS (international society of aesthetic plastic surgery). Quem mais se submete a cirurgias estéticas são as mulheres - de acordo com a ISAPS, 86,2% das cirurgias plásticas no mundo são realizadas por mulheres. O aumento de seios continua sendo a cirurgia plástica mais realizada entre os 2,5 milhões de procedimentos por ano, seguidos da lipoaspiração e da cirurgia de pálpebra.

Existem muitos fatores envolvidos nessas estatísticas brasileiras, e os mais citados são a proximidade com as praias, o calor e a exposição do corpo muito comuns no nosso país, comparativamente a outros locais. Somos menos tolerantes com pequenas imperfeições e com o envelhecimento de forma geral. Os brasileiros também acreditam que o sucesso profissional é diretamente proporcional à segurança com relação à própria aparência. É comum a crença de que uma pessoa bonita é melhor sucedida. Seríamos um país onde a imagem predomina sobre qualquer outro valor?

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As mídias influenciam na busca pelo corpo perfeito na medida em que deflagram a sensação de inadequação por mostrar majoritariamente corpos de atrizes e modelos dentro do padrão estético considerado vigente no momento. As redes sociais também cumprem seu papel pois instigam a necessidade de se adaptar ao padrão de beleza do outro. Questiona-se portanto até que ponto as escolhas por procedimentos estéticos são genuínas ou meramente fruto da necessidade de adequação em padrões ditados.

Quando uma pessoa se preocupa excessivamente com pequenos detalhes da sua aparência e esse “defeito” exerce sobre ela efeitos de sofrimento e isolamento social, pode se tratar de TDC (Transtorno Dismórfico Corporal). Os pacientes acometidos ingressam em uma busca desenfreada por melhorias em aspectos físicos do corpo. Como há uma doença envolvida, esse paciente nunca está satisfeito, e vive em busca incessante por mais e mais procedimentos. O médico capacitado e bem formado é capaz de reconhecer esse tipo de paciente e sugerir o tratamento psiquiátrico adequado.

Há quem acredite que o brasileiro se preocupa excessivamente com a aparência e se submeta a muitos procedimentos estéticos desnecessários. Somos um país dismorfofóbico então? Eu acredito que não. A busca pela beleza e melhora da autoestima é legítima e até uma característica positiva do povo brasileiro. Respeito a forma do europeu lidar com o corpo e com a vida, porém modéstia à parte, acho que nós brasileiros somos mais completos. Buscamos ser pessoas corretas, espiritualizadas, instruídas e cultas, mas também gostamos de estar sempre arrumados, cheirosos, com dentes brancos e alinhados, corpo sarado e “botox” em dia. Talvez esse seja o motivo do brasileiro ser amado e admirado no mundo todo.

Uma boa forma de saber se sua preocupação com o corpo e a beleza está excessiva é contar com a ajuda de bons profissionais. Profissionais da saúde que te acompanhem por toda a vida e saibam te auxiliar nas diferentes fases são fundamentais. A boa notícia é que os brasileiros são bons até nisso. Os médicos brasileiros são referência mundial no que diz respeito a beleza e estética.

 

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