Insônia e aumento no risco de infarto do miocárdio

Dormir menos de cinco horas por noite aumentou o risco de infarto do miocárdio em 38% versus seis horas por noite e em 56% versus oito horas por noite

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A insônia é o distúrbio do sono mais comum nos EUA , onde se observa que entre 10% a 15% das pessoas lutam contra ela. Estudo por meta-análise (tipo de revisão que se propõe a responder uma pergunta específica, reunindo os resultados de dois ou mais estudos)  publicado na semana passada, durante o Congresso do Colégio Americano de Cardiologia (ACC 2023), foi conduzido por pesquisadores de Alexandria, no Egito. 

Ele avaliou os dados de 1.184.256 adultos (43% mulheres, com idade média de 52 anos). Destes, 13% apresentavam insônia, definida com base nos critérios diagnósticos do CID-10, ou pela presença de qualquer um destes três sintomas: dificuldade em adormecer, dificuldade em manter o sono ou acordar cedo, e não conseguir voltar a dormir. Pessoas com apnéia obstrutiva do sono não foram incluídas.

O resultado principal aponta para uma associação significativa entre insônia e a incidência de infarto agudo do miocárdio. O risco de infarto do miocárdio foi 1,62 vez maior do que o observado entre os indivíduos-controle, sem insônia. Essa associação se manteve mesmo após ajustes para a idade, sexo, outras doenças e tabagismo, sendo consistente em todos os subgrupos (idade inferior ou superior a 65 anos, sexo, comorbidades comuns e duração do acompanhamento).

A duração do sono também influenciou significativamente. Dormir menos de cinco horas por noite aumentou o risco de infarto do miocárdio em 38% versus seis horas por noite e em 56% versus oito horas por noite. O risco de infarto do miocárdio foi 69% mais elevado para pessoas com insônia do que para quem não apresentou o quadro. Os pacientes que dormiram até cinco horas por noite durante o estudo apresentaram mais risco de infarto do miocárdio. Além disso, o risco de infarto foi duas vezes maior para quem tinha diabetes mellitus e insônia.
 

Curiosamente, o sono não-restaurador e a sonolência diurna, no entanto, não foram associados a maior risco cardiovascular. Isto sugere que aqueles que não apresentam insônia, mas apenas se queixam de cansaço e fadiga ao acordarem, não apresentam maior chance de infarto agudo do miocárdio.

Acreditamos que a insônia deva ser rastreada e os pacientes devam ser orientados sobre a importância do sono, pois atualmente a insônia, não mais somente é uma doença, como também um novo fator de risco cardiovascular. Consideramos a insônia como um erro no estilo de vida.

Referência: Yomna E.Dean,Mohamed A.Shelbl ,Samah S.Rouzan, et al .Association between insomnia and the incidence of myocardial infarction: A Systematic review and meta-analysis. Clinical Cardiology, 2023;DOI: 10.1002/clc.23984.