O uso das estatinas está associado a declínio cognitivo (demência)?

Estudo dá suporte à aplicação de estatinas na prevenção da disfunção

Gerd Altmann/Pixabay
(foto: Gerd Altmann/Pixabay )

Foi realizado um estudo restrospectivo em que os autores investigaram a relação entre os níveis de LDL colesterol (colesterol ruim), uso de estatinas e demência, em indivíduos com 65 anos de idade ou mais, que haviam sido diagnosticados com demência inicial, acompanhados em vários centros de saúde da Alemanha, no período entre 2015 e 2019.

Pelo menos uma dosagem de colesterol ruim (LDL colesterol), no primeiro ano prévio ao diagnóstico de demência, foi necessária para a inclusão do estudo. Os casos foram pareados a controles sem diagnóstico de demência. Modelos de regressão logística (análise estatística) foram utilizados para avaliar as associações entre LDL colesterol, estatinas e demência.

Foram incluídos 12.236 pacientes com demência e seus controles correspondentes, sem doença. Desse total, 2.528 pacientes com demência foram diagnosticados como demência de origem vascular.

O uso de todas as doses de estatinas associou-se negativamente com demência de qualquer etiologia e com demência de origem vascular, sendo que doses maiores de estatinas foram relacionadas com menor déficit cognitivo.

Não observou-se associação clinicamente relevante entre níveis de LDL colesterol e demência.

Os autores concluíram que existe uma associação negativa entre todas as dosagens de estatinas e demência por qualquer etiologia e demência vascular, em pacientes idosos acompanhados em consultórios médicos na Alemanha. Esses achados dão suporte ao uso de estatinas na prevenção da disfunção cognitiva.

Muito comum nos consultórios médicos os questionamentos de que as estatinas causariam demência. Esse estudo com um número significativo de pacientes pode nos mostrar que o uso das estatinas tem um benefício na doença cognitiva.

Referência: Zingel R, et al. Association Between Low-Density Lipoprotein Cholesterol Levels, Statin use, and Dementia in Patients followed in Germany General Pratices. J Alzheimers Dis. 2020; DOI:103233/JAD -201176