Doenças cardíacas e pré-menopausa

"Não podemos perder a chance de reduzir o risco cardiovascular na mulher na pré-menopausa"

Silviarita/Pixabay
(foto: Silviarita/Pixabay)

Sabemos que a doença cardíaca é a principal causa de morte nas mulheres, ainda que somente metade delas reconheçam esse fato. O período de transição para a menopausa, que inicia-se dois anos antes do último ciclo menstrual, é o estágio da vida da mulher em que o risco cardiovascular aumenta muito, e mudanças substanciais nos tradicionais fatores de risco cardiovascular acontecem.

Nesse documento de consenso, os autores propõem que o período de transição para a menopausa é o momento mais oportuno para se controlar os fatores de risco e reduzir o risco da doença cardiovascular nas mulheres.

Diversos estudos demonstraram a importância da transição para a menopausa e do primeiro ano no climatério. Nesse estágio da vida, quando os níveis de estrógeno, embora flutuantes, estão substancialmente declinando, e os níveis do hormônio folículo estimulante estão aumentados, observa-se os efeitos do envelhecimento ovariano.

Este estaria relacionado com as mudanças nos fatores de risco, incluindo elevação nas concentrações de colesterol ruim (LDL colesterol), e apolipoproteína b (apo b), bem como a qualidade das partículas do colesterol bom (HDL), que reduzem seus efeitos protetores.

Outras modificações ligadas ao envelhecimento ovariano, incluindo composição corporal, aumento da adiposidade visceral e central, bem como a redução da massa magra e a maior prevalência da síndrome metabólica, são comuns. As mudanças na pressão arterial e na tolerância à glicose relacionam-se com o envelhecimento cronológico.

Durante esse período, as mulheres, especialmente aquelas que apresentaram menopausa prematura (antes dos 40 anos de idade), ou menopausa precoce (entre os 40 e 45 anos de idade), são as que apresentam mais elevado risco de doença cardiovascular.

Os autores discutem o uso apropriado de estrógenos, os quais podem ser de particular relevância nas mulheres com menopausa prematura ou precoce, e naquelas que apresentam sintomas que interfiram na sua qualidade de vida.

O documento estabelece que mudanças no estilo de vida, a atividade física e uma dieta saudável, são fundamentais na redução de risco cardiovascular na mulher, bem como o uso de medicamentos para o controle da hipertensão arterial e dos níveis de colesterol.

Os autores concluíram que, embora sejam necessárias mais evidências sobre a relação entre a transição da menopausa e o risco de doença cardiovascular nas mulheres, existe uma massa crítica de informações disponíveis que podem nos ajudar, substancialmente, na prevenção do risco cardiovascular na mulher.

Notoriamente, todos os dias temos a oportunidade de observar, nos nossos consultórios, mulheres no climatério, com elevação dos níveis de pressão arterial, elevação do colesterol e ganho inexplicável de peso.

Referência: Khoudary SER et al.Menopause transition and Cardiovascular Disease Risk: Implications for Timing of Early Prevention: A Scientific Statement From the American Heart Association. Circulation.2020; DOI:10.1161/CIRC