Você já marcou um encontro com sua terceira dose?

Médico Erickson Gontijo explica o que é o 'booster vacinal', termo que gerou grande repercussão nas últimas semanas

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Terceira dose da vacina ajuda ainda mais ao sistema imunológico criar proteção contra a Covid (foto: Pixabay)
O que parecia um sonho está começando a se tornar realidade: grande parte da população está vacinada e com direito a dose de reforço! Na reta inicial de vacinação, utilizamos mais de um tipo de vacina, vou orientar você para que não fique nenhuma dúvida na hora de tomar sua dose de reforço.

Um termo importante que ganhou as páginas de notícias é o booster vacinal, mas Dr. Erickson o que afinal é esse tal de booster? Alguém já deve ter te falado sobre reação alérgica ou anafilática que pode ser cada vez mais intensa, caso a pessoa tenha contato contínuo com o fator responsável pela alergia? Semelhante a isso, o booster vacinal é uma estratégia de expor mais o indivíduo ao agente causador da doença de forma que seja estimulado cada vez mais o sistema imunológico para conferir maior proteção individual contra o agressor, no caso o vírus SARS-CoV-2 causador da COVID-19. Podemos imaginar como etapas de um curso preparatório de proteção contra o coronavírus, o curso será de 3 módulos e cada vez você se torna mais esperto.

Um fato interessante que não é completamente verdade e vem se repetindo frequentemente é comparar a vacinação contra Covid-19 com a da gripe. Ouço sempre 'então vamos tomar a vacina todos os anos para aumentar a imunidade igual a gripe!'. Bem, não é bem assim.
Podemos considerar as vacinações anuais contra os vírus da gripe como novas vacinações e não reforços, isto porque, o vírus da gripe apresenta várias mutações, inclusive de um ano para o outro, com isso as vacinas são atualizadas ano a ano e não repetidas.

O booster vacinal desejado na vacinação extra contra Covid-19 é a tentativa de alcançar a imunidade cruzada, com o uso de vacinas com atuações distintas e que por serem vacinas diferentes nas suas formas de atuações em conjunto podem conferir uma imunidade maior.

Então nesse caso os tipos de vacina importam? Exatamente, a imunidade cruzada que irá proporcionar o booster vacinal tem uma forma de se fazer e não devemos simplesmente acrescentar doses.

Se você recebeu a vacina da Janssen, que inicialmente seria dose única, irá retornar ao centro de vacinação após 2 meses para receber a segunda dose de vacina Janssen e após 5 meses irá receber mais uma dose de vacina Pfizer. Se você recebeu a primeira e segunda dose da Pfizer você irá retornar após 5 meses de imunização e deverá receber mais uma dose da vacina Janssen ou Astrazeneca. Se você recebeu a primeira e a segunda dose de Astrazeneca você irá retornar após 5 meses de imunização e deverá receber mais uma dose de vacina Pfizer. Se você recebeu a primeira e a segunda dose de Corona Vac você irá retornar após 5 meses de imunização e deverá receber mais uma dose de vacina Pfizer, Astrazeneca ou Janssen.

As orientações de dose para booster vacinal com certeza foram produzidas com rigor científico e informações que temos até o momento. Acho pouco provável que a receita individual dos "espertinhos" ou dos negacionistas irá superar as informações técnicas.

Não pense que só estamos orientando a vacinação extra porque descobrimos que as vacinas não funcionam, sejam elas de marca A ou B, isso nunca foi dito! Estamos vivendo uma pandemia e todo esforço e possibilidade deve ser utilizado para maior controle, as melhores respostas virão com o tempo de observação da população vacinada. O Brasil não está sozinho nessa decisão: a França, Alemanha, Israel, Estados Unidos e Chile também estão adotando a vacinação extra em busca do booster vacinal.

Para as novas descobertas, precisamos fazer as perguntas corretas e somente depois disso oferecer as melhores respostas. As vacinas contra Hepatite, por exemplo, que são aplicadas após o nascimento são suficientes por mais de 30 anos, ou seja, não é necessário dose de reforço ou qualquer outra vacinação se a pessoa adquire imunidade. Repetindo, a dose extra não é para compensar uma vacina que inicialmente foi ruim, mas sim ensinar o sistema imunológico de outra forma, é como oferecer mais um treinamento para o corpo diferente do primeiro e se ficar mais protegido.

Espalhe informação e envie esse texto para aquele amigo negacionista ou que fica inventando moda para não se proteger ou vacinar.