Cigarro eletrônico: fogo amigo no tratamento do tabagismo

Dispositivo surgiu como uma promessa inocente e isenta de riscos para quem quer parar de fumar e agora tem mostrado sua face nefasta

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(foto: Pixabay)

Médicos e fumantes conhecem perfeitamente as imensas dificuldades do processo de cessação do tabagismo.

 

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Se formos utilizar uma escala de grandeza, podemos afirmar que a dependência química de produtos do tabaco supera em intensidade a de outras substâncias, inclusive ilícitas.

O cigarro eletrônico (E-cigarretes) surgiu no mercado em 2007 como uma inocente alternativa para ajudar as pessoas a parar de fumar.

Pesquisas publicadas em 2015 mostraram que, em um período de 04 anos, o número de adolescentes que se tornaram usuários de cigarros eletrônicos aumentou de 1,1% para 16,0% nos EUA, chegando a um número absoluto de cerca de 4,7 milhões de usuários.

 

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Esses números fizeram com que o faturamento dessa indústria movimentasse algo em torno de US$11,3 bilhões em 2018 e estimativas prevêem que superará a indústria tradicional do tabaco em 2023.

A existência de familiares tabagistas aumenta em três vezes a chance de um adolescente iniciar o uso, enquanto a influência de um amigo aumenta em sete vezes a possibilidade.

Trata-se de um dispositivo com uma bateria que aquece um líquido, produzindo um vapor que contém nicotina, glicerol e aromatizantes com sabor, já se conhecendo 8000 opções diferentes.

Essa ferramenta, que surgiu como uma promessa inocente e isenta de riscos para o abandono do tabagismo, tem agora mostrado sua face nefasta.

Apesar de menos danosa em comparação ao cigarro tradicional, já se sabe que possui efeitos colaterais respiratórios e cardiovasculares a longo prazo.

Recentemente foram descritos alguns casos de grave e fatal intoxicação e inflamação pulmonar associada ao uso do cigarro eletrônico.

O CDC, autoridade americana no estudo de doenças, identificou que a adição de substâncias  canabinóides ao líquido utilizado na produção do vapor pode ser a responsável.

Autoridades de saúde pública devem ficar atentas a esse tema, orientando a população, em especial os adolescentes, quanto aos potenciais riscos.

Existem outras alternativas para te ajudar a parar de fumar. Pergunte seu médico.

Eu sou o Dr. Silvio Musman, especialista em pneumologia, medicina do exercício e distúrbios do sono.


silviomusman@yahoo.com.br