DIU é um dos métodos mais eficazes e seguros para quem não quer engravidar

Mas falta de informação e conhecimento pode impedir o uso, com prejuízo para mulheres que querem adiar ou impedir a maternidade

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(foto: Wikipedia)

“Queremos colocar o DIU.” Nádia* e Renata* eram irmãs e iam começar pós-graduação fora do Brasil. Não tinham filhos e queriam usar um método contraceptivo seguro, eficaz e de longa duração, uma vez que ficariam fora por quatro anos.

O DIU (dispositivo intrauterino) é um dos métodos mais eficazes, seguros e bem tolerados existentes. Entretanto, a falta de informação e conhecimento sobre o método, tanto entre a população quanto entre profissionais de saúde, pode impedir o seu uso.

O DIU é um método contraceptivo reversível de longa duração. Consiste em um pequena haste de plástico que deve ser inserida dentro do útero por médico capacitado, ou seja, não é um método que pode ser adotado de forma independente. Hoje, existem dois tipos de DIU: não hormonal e hormonal. Como eles funcionam na prática?

O DIU não hormonal (cobre ou cobre associado a prata) funciona através de alterações químicas que danificam espermatozóide e óvulo antes que se encontrem. O DIU hormonal libera quantidades constantes do hormônio levonorgestrel que causa modificações no útero, impedindo a fecundação do óvulo pelo espermatozóide.

Mas o DIU é mesmo eficaz? Tenho risco de engravidar? A resposta é sim para ambas as perguntas. Veja, não existe método contraceptivo 100% seguro, mas é possível dizer que o DIU está entre os mais eficazes, sendo comparado à ligadura tubária.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), de cada 100 mulheres usuárias de DIU de cobre, há menos de 1 gravidez no primeiro ano de uso (6 gestações a cada 1000, para uso perfeito; 8 gestações a cada 1000, para uso habitual). Para o DIU hormonal, estima-se menos de 1 gestação para cada 100 usuárias no primeiro ano (2 gestações a cada 1000 mulheres que usam o esse tipo). Isso quer dizer que 998 de cada 1000 mulheres que usam o DIU hormonal NÃO engravidarão no primeiro ano de uso. E a eficácia do método aumenta com o tempo, uma vez que a chance de falha é maior no seu primeiro ano de uso.

Felizmente, o uso do DIU vem aumentando. De acordo com o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (ACOG), o percentual de usuárias de DIU aumentou de 2,4%, em 2002, para 11,6%, em 2013. É importante lembrar que, à medida que o número absoluto de usuárias aumenta, o número absoluto de complicações também cresce. Entretanto, em números relativos, complicações como perfuração uterina e doença inflamatória pélvica ocorrem em menos de 1% das usuárias de DIU. Nesse caso, é importante reforçar sobre a necessidade do uso de preservativos, porque o DIU não protege contra DST (doença sexualmente transmissível).

O que mais tenho percebido nos meus atendimentos é que a mulher moderna quer praticidade para o seu dia a dia. Ela trabalha e administra sua vida pessoal e profissional. O DIU, além de ser um método eficaz e de longa duração, não necessita que seja feito mais nada – a não ser acompanhamento rotineiro com o seu médico – e tem uso privativo, ou seja, só a mulher sabe que está usando o DIU. Assim como as duas irmãs que seguem com os estudos no exterior e têm uma preocupação a menos, uma vez que podem planejar quando vão querer engravidar.

*Nomes modificados


Tem alguma dúvida sobre DIU? Envie para rogeriawerneck@gmail.com e irei respondê-las nas próximas semanas

Referências:
1. Family Planning. A GLOBAL HANDBOOK FOR PROVIDERS. Evidence-based guidance developed through worldwide collaboration. Updated 3rd edition. World Health Organization Department of Reproductive Health and Research.