Relembre 22 bares que deixaram saudades em BH

Ao longo das últimas décadas, muitos estabelecimentos marcaram época na capital dos botecos antes de fechar as portas

por Estado de Minas 02/02/2018 10:36

Pedro Motta/Estado de Minas , Marcos Michelin/EM/D.A Press, Elisa Gazzineli / Divulgação, Alexandre Guzanshe / EM
Listamos 22 empreendimentos que funcionaram entre os anos 1980 e 2010 (foto: Pedro Motta/Estado de Minas , Marcos Michelin/EM/D.A Press, Elisa Gazzineli / Divulgação, Alexandre Guzanshe / EM )
A capital dos bares. A própria Prefeitura de Belo Horizonte se orgulha da alcunha, a ponto de publicar, em outubro do ano passado, um relatório oficial contabilizando 9.500 botecos na cidade. Uma média de 28 bares a cada quilômetro quadrado.

Do “copo sujo” ao “gastropub”, a variedade é grande. Não é só no estilo, preço da cerveja ou cardápio de tira-gostos que a clientela tem um bom leque de opções. É possível encontrar estabelecimentos com décadas e décadas de funcionamento, como o Bar do Pescador, hoje conhecido como Bar do Orlando, em Santa Tereza, e casas recém-inauguradas, que já conquistaram seu público.

No entanto, a rica história da boemia belo-horizontina também tem dezenas de personagens ilustres que já se foram, mas continuam servindo as memórias de quem os frequentava. Famosos por virarem ponto de encontro de uma geração, referência por causa da trilha sonora ou destino certeiro na madrugada, vários deles continuam valendo um brinde de seus fregueses, mesmo depois de fechar as portas.

 

Quem viveu durante os anos 1980 e gostava de uma noitada mais estendida possivelmente amanheceu o dia no Savassinuca. A turma que curtia um som alternativo se dividia entre o Complexo B, Incapazes do Nirvana, Onhas do Jequi, e em danceterias como o The Great Brazilian Disaster. Quem dividia o posto de bairro mais boêmio da cidade com a Savassi era o Santo Antônio, onde Lulu e Pelejando eram os preferidos da moçada.

Se hoje a cidade tem circuitos de bares alternativos por várias regiões, um dos pioneiros a sair do eixo Centro-Savassi- Santo Antônio foi o Pastel da Angu, inaugurado em 1992, no Santa Efigênia. “Na época tinham muito bares alternativos, temáticos, o grande charme do pastel foi voltar para essa coisa do butequim, copo lagoinha, mas com essa linguagem da época, da trilha sonora diferente, que ia desde clássicos do samba ao Tom Waits, ou do brega do Waldick Soriano ao David Bowie”, relembra Deco Lima, músico e produtor cultural, fundador do bar. “Sentimos que contribuímos para a história da cidade, foi um prazer enorme, porque era tudo muito feito com muito carinho, não era uma proposta meramente comercial, tinha um romantismo”, explica.

Não precisa ter mais de 30 para entrar no time da boemia nostálgica. Alguns points dos anos 2000 também figuram no museu imaginário dos bares. Na Savassi anterior à repaginação urbanística feita para a Copa de 2014, locais como o “Maranhão” e o “James” bombavam entre universitários, pré-universitários, “emos”, metaleiros, e entre outros públicos jovens variados. Mesmo estabelcimentos inaugurados a menos de dez anos, como La Tosqueria e seu vizinho Obar, além do Bar do John, no Anchieta, tiveram um momento de sucesso antes de fechar".


Relembre alguns bares que marcaram época na capital: 

 

Antigos (Anos 1980 e 1990):

Onhas do Jequi
Onde era: Av. Brasil, quase esquina com Sergipe
Como era: Ponto de hippies e alternativos em geral, tinha temática ligada ao Vale do Jequitinonha.
Que fim levou: Deu lugar a outros empreendimentos ao longo das últimas décadas.

 

Pelicano
Onde era: Av. Augusto de Lima, ao lado da entrada do Maletta
Como era: Clássico boteco de chope, bem antigo, frequentado por Murilo Rubião e outros escritores.
Que fim levou: Outro bar, o Duke’n’duke, funciona no local.

Pedro Motta/Estado de Minas
Ambiente do bar Pelicano Chopp, no Edificio Arcangelo Maleta , na avenida Augusto de Lima (foto: Pedro Motta/Estado de Minas )

 

Pastel de Angu
Onde era: Rua Lignito, Santa Efigênia
Como era: Boteco simples, com cadeiras de metal, ficou famoso entre o público jovem nos anos 1990 por causa da trilha sonora e da iguaria que dava nome ao estabelecimento. 

Que fim levou: Chegou a se mudar de lugar, em 2000 para a Floresta, em 2004 para a Pompeia e por último Serra, com outro formato, onde fechou em 2012.

Elisa Gazzineli / Divulgação
Pastel de Angu em noite movimentada de 1998 (foto: Elisa Gazzineli / Divulgação)
 


Lulu
Onde era: Rua Leopoldina com Congonhas, Santo Antônio
Como era: Uma grande festa e ponto de encontro fácil numa época em que não existia celular, Facebook, nem Whatsapp.
Que fim levou: Fechou e, a casa onde viveu Guimarães Rosa, deve ser demolida para dar lugar a um conjunto de edifícios.

Cantina da Cida

Onde era: Rua Antônio de Albuquerque, entre Rua Professor Morais e Rio Grande do Norte
Como era: Bar de comida barata e cerveja na madrugada, até por isso, era reduto certo de muitos taxistas em começo ou fim de expediente.
Que fim levou: Deu lugar a um prédio com lojas no térreo.

 

Savassinuca

Onde era: Avenida do Contorno, próxima da esquina com Paulo SImoni e Getúlio Vargas

Como era: Fucionava quase 24 horas e era ponto certeiro para boêmios em busca de uma(s) saideira(s) ou uma partida de sinuca

Que fim levou: Ainda nos anos 1990 deu lugar a um posto de gasolina e mais tarde outros empreendimentos comerciais. Hoje há um grande prédio no local.

 

Pelejando 
Onde era: Rua Cristina com Leopoldina, Santo Antônio
Como era: Ponto de encontro de jornalistas, publicitários, artquitetos, universitários e artistas.
Que fim levou: O local está fechado depois de abrigar uma cervejaria nos últimos anos.


Incapazes do Nirvana
Onde era: Av Brasil, entre Rio Grande do Norte e Carandaí
Como era: Reduto de alternativos, como darks, punks e góticos atraídos pela trilha sonora.
Que fim levou: Abrigou os mais diversos tipos de comércio desde que fechou nos anos 1990.
 
Trincheira
Onde era: Rua Rio Grande do Norte, entre Antônio de Albuquerque e Contorno
Como era: Abrigava tribos urbanas, com trilha sonora de rock alternativo.
Que fim levou: Abrigou os mais diversos tipos de comércio depois que encerrou as atividades nos anos 1990.

 

The Great Brazilian Disaster
Onde era: Av. Getúlio Vargas esquina de Tomé de Souza
Como era: Inferninho com uma imensa vitrine para a Getúlio Vargas, tinha uma hostess ''carrasca'' na porta
Que fim levou: Imóvel foi dividido e uma parte é ocupada por uma casa lotérica.
 
Blue
Onde era: Av.Cristóvão Colombo esquina de Tomé de Souza
Como era: Ocupava o segundo andar do imóvel e reunia atores de teatro, músicos e alternativos
Que fim levou: Abrigou desde então diversos tipos de negócios.
 
Diário da Noite
Onde era: Rua Alagoas com Cláudio Manoel
Como era: Bastante eclético, acolhia toda a fauna noturna, pois ficava aberto até 6h da manhã.
Que fim levou: A casa deu lugar a um grande hotel.

Complexo B
Onde era: Rua Fernandes Tourinho, entre Sergipe e Levindo Lopes
Como era: Grande ponto de encontro de alternativos, com luz indireta e música underground.
Que fim levou: Vários tipos de comércio funcionaram no local


Novos (Inaugurados e encerrados nos últimos dez anos):

Bar do John
Onde era: Rua Montes Claros, Anchieta
Como era: Inaugurado na Copa do 2010 por um simpático australiano que dava nome ao estabelecimento, o local fazia o estilo “pub” e reunia jovens da Região Centro-Sul, além de muitos estrangeiros residentes em BH que iam prosear em inglês com o proprietário.
Quem fim levou: O proprietário, John, voltou para a Austrália e encerrou as atividades do bar. O local está fechado, para alugar.

Arcângelo
Onde era: Na “varanda” do Maletta
Como era: Pioneiro da nova fase de reocupação cultural do edifício no Centro de BH, bar virou referência no circuito alternativo pela música e pela variedade de drinks.
Quem fim levou: Em 2017, o proprietário se desentendeu com sócios e funcionários e deixou Belo Horizonte. O local está desativado.

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Espaço interno do bar que também ocupava a varanda do edifício (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
 

 

La Tosqueria
Onde era: Rua Cláudio Manoel, próximo à Praça do ABC, no Funcionários
Como era: Reduto dos fãs da música alternativa, tinha cardápio variado de drinks e petiscos mais elaborados.
Quem fim levou: em 2017, os sócios do estabelecimento decidiram encerrar as atividades.

Obar
Onde era: Rua Cláudio Manoel, próximo à Praça do ABC, no Funcionários
Como era: Pertencente aos donos da boate A Obra, o bar era uma espécie de sucursal do inferninho, com trilha sonora e decoração voltadas para o rock.
Quem fim levou: O espaço abriga atualmente um restaurante

Zona Sul
Onde era: Rua Paraíba, entre Getúlio Vargas e Antônio da Albuquerque, na Savassi
Como era: Mistura de lanchonete com “copo sujo”, virou point de jovens e universitários no fim da última década, especialmente pela proximidade com as principais boates da região.
Quem fim levou: Encerrou as atividades em 2014, hoje uma creperia funciona no local.

Google / Reprodução
Recentemente, uma lanchonete francesa foi inaugurada no local (foto: Google / Reprodução)


James
Onde era: Rua Tomé de Souza, entre Pernambuco e Getúlio Vargas, na Savassi
Como era: Na verdade, se chamava Feijão com Arroz, mas acabou pegando esse nome. Popular entre o público jovem, era uma grande bagunça, com direito a mesa de sinuca no meio do bar e junkebox.
Quem fim levou: Depois de algumas seguidas confusões, incluindo um tiroteio em 2009, o espaço fechou as portas. No local funciona uma loja, durante o dia.

Google / Reprodução
Local ficava lotado nas sextas e sábados (foto: Google / Reprodução)


Maranhão
Onde era: No atual quarteirão fechado da Antônio de Albuquerque, na Savassi
Como era: Estilo “copo sujo”, o bar era famoso pelo baixo preço da cerveja e acabou virando ponto de encontro de jovens e estudantes, especialmente metaleiros, punks e emos.

Quem fim levou: Em 2009 encerrou as atividades e deu lugar a uma unidade maior da Baiana do Acarajé.

Amarelim Savassi
Onde era: Rua Antônio de Albuquerque com Paraíba

Como era: Barzinho, famoso por passar jogos de futebol e servir churrasco. Muito popular entre jovens da classe média.
Quem fim levou: Deu lugar a uma unidade da padaria Pão e Cia.

Marcos Michelin/EM/D.A Press
O local foi alvo de um assalto em 2012, pouco antes de encerrar as atividades (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)

 

Yo-yô

Onde era: Rua Paraíba, esquina com Cristovão Colombo

Como era: De dia era uma "mercearia japonesa", à noite era um bar com música e petiscos típicos

Que fim levou: Fechou no começo da década e hoje uma pizzaria funciona no local.

Marcos Vieira/Estado de Minas
Local também servia pratos típicos (foto: Marcos Vieira/Estado de Minas )

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