Ana Hikari lamenta homenagem a asiáticos na TV Globo e diz: 'Foi racista'

De acordo com a atriz, o programa Mais Você, da Ana Maria reproduziu estereótipos e preconceitos nas vésperas do aniversário da imigração japonesa no Brasil

Reprodução/Instagram
Ana Hikari (foto: Reprodução/Instagram )

Ana Hikari, primeira protagonista asiática de uma novela da TV Globo, apesar do contrato com a emissora, não ficou calada diante da reprodução de estereótipos e preconceitos contra a comunidade asiática feita por um programa da casa. 

 

 

Na véspera do aniversário de 113 anos da imigração japonesa no Brasil, o programa Mais você do dia 17/6 promoveu um show de horrores, avaliou a artista, em forma de 'homenagem' aos descendentes de povos de países do leste do continente, como China, Japão, Coreia do Norte e Coreia do Sul.  

 

Um funcionário pintou o rosto e reproduziu o yellowface (do inglês, que significa cara amarela em português) para homenagear a repórter Juliane Massaoka, descendente de japoneses. Assim como o blackface, é considerada uma prática racista.  

 

"Eu quero te fazer uma homenagem e é pra você. Eu tenho um samurai aqui, vestido adequadamente pra combinar com você. E fala como [japonês] é uma coisa fantástica. Fala como samurai, não é?", disparou a apresentadora.   

 

Na sequência, um homem branco da equipe surgiu fantasiado de samurai, usando maquiagem nas cores branca e vermelha. Além disso, o funcionário falou de forma estereotipada, trocando as letras "R" por "L". 

 

Em entrevista à jornalista Luiza Leão, ao site Notícias da Tv, a atriz rasgou o verbo sobre a 'homenagem' e disparou: “Foi extremamente racista”.  

"Pessoas de origem asiática não falam daquela maneira, segundo que a fonética do 'l' nem existe na fonética asiática, japonesa especificamente. Aquilo lá é uma maquiagem que nada tem a ver com samurai. É uma maquiagem do teatro japonês, é uma coisa específica, sabe? Tudo ali tava muito... Foi extremamente racista, então, eu sinto muito que isso tenha acontecido".

Ana Hikari

 

 

Ana, que integra um núcleo interno da emissora carioca para debater questões de cunho racial e de gênero, ficou ainda mais indignada quando soube que a produção do programa matutino não fez nenhum tipo de retratação sobre o episódio. 
 
"É isso o que me deixa mais chateada, sabe? De ver que por mais que a empresa dentro já esteja com essa movimentação, ainda tem ponta solta", reforçou Hikari.

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