Já torci meu tornozelo cinco vezes neste ano! E agora?

Frequência de traumas geram a possibilidade de lesões associadas mais graves, como na cartilagem, em outros ligamentos mais importantes e até fraturas na área

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Torcer o tornozelo com frequência não é normal e está associada a fraqueza de alguns ligamentos da área (foto: Reprodução/Freepic)
Não é agradável torcer o tornozelo, certo caro leitor? Só quem já passou por isso sabe como a dor no momento do trauma é muito significativa e como os sintomas podem demorar para regredir 100%. E, obviamente, torcer o tornozelo com frequência não é normal e está associada a fraqueza de alguns ligamentos da área.

O tornozelo possui 3 grandes complexos ligamentares: o deltóide (que fica internamente), a sindesmose (que fica externamente entre a tíbia e a fíbula) e os ligamentos laterais (que também ficam externamente). Estes últimos são os mais comumente afetados pelos entorses do tornozelo, visto que na maioria das vezes torcemos o pé em inversão (para dentro) e são esses ligamentos que sofrem quando o pé vira dessa forma.

São 3 os ligamentos laterais: fíbulo-talar anterior, fíbulo-talar posterior e fíbulo-calcâneo. O primeiro é o que mais comumente se rompe após os entorses. Uma vez rompido, o corpo naturalmente cicatriza esse ligamento, auxiliado por medidas como imobilização funcional, gelo, medicações e fisioterapia. Na maioria das vezes essa cicatrização é boa e o tornozelo fica estável, não ficando vulnerável a novas lesões. Entretanto, em alguns casos, esse ligamento cicatriza de forma alongada, deixando o tornozelo "frouxo" e vulnerável a novos entorses.

O tornozelo que torce com frequência é denominado instável. O grande problema de ficar torcendo o tornozelo com frequência, além é claro da repercussão local em si, é a possibilidade de lesões associadas mais graves como lesões da cartilagem, lesões de outros ligamentos mais importantes e até fraturas. Desse modo, uma torção simples pode se tornar algo mais sério que demande tratamento mais complexo e que pode estar associada a um prognóstico pior.

Pacientes com instabilidade crônica devem procurar orientação médica para evitar esses entorses repetidos. O tratamento inicial é conservador, com medidas de estabilização externa, fisioterapia e controle da atividade esportiva. Os pacientes que não melhoram com essas primeiras medidas podem demandar uma reconstituição cirúrgica dos ligamentos, para que o tornozelo se estabilize e pare de torcer. Esse é um tipo de cirurgia que evoluiu muito ao longo dos últimos anos e que hoje pode ser realizada com auxílio artroscópio (por vídeo), o que proporciona aos paciente menores cicatrizes e um retorno muito mais precoce às atividades.

Na dúvida, procure sempre seu ortopedista de confiança.

Cuidem dos seus pés, são eles que te levam cada vez mais longe!