Dismenorreia: por que acontece e como lidar com essa dor menstrual

Meninas estão menstruando cada vez mais cedo devido a condições de saúde e alimentação e isso pode significar ampliar o período de convivência com a dismenorreia

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“Um sentir é do sentente, o outro é do sentidor” (João Guimarães Rosa)

A que se refere esse grande escritor mineiro? Tenho a impressão de que o assunto a seguir bem que pode se encaixar nessa frase e ser direcionada a algumas pacientes que menstruam.  

Há 100 anos a idade média da primeira menstruação era de 14,2 anos e hoje é de 10 anos, isto é, as meninas estão menstruando cada vez mais cedo, o que pode ser explicado pela melhora das condições de saúde e alimentação, embora também a obesidade esteja implicada. Menstruar mais cedo pode significar ampliar o período de convivência com a dismenorreia. 

Chamamos dismenorreia as cólicas menstruais que podem ser de pequena ou grande intensidade, virem acompanhadas de náuseas, vômitos, diarreia, cefaleia, fadiga e alterações do humor. Algumas vezes são motivo de consultas aos serviços de urgência, são frequentes em adolescentes e em mulheres que nunca tiveram parto.  

As dismenorreias primárias são a maioria dos casos e onde não se encontra a causa, ao contrário das dismenorreias secundárias, onde pode haver cistos ovarianos, miomas uterinos, endometriose ou malformações uterinas, dentre outras. Portanto, o ultrassom pélvico é um exame muito importante. 

Mulheres com dismenorreia primária tendem à maior incidência de enxaqueca, depressão e ansiedade. Bioquimicamente falando, a explicação comumente aceita é a que ocorre maior secreção de prostaglandinas na circulação uterina resultando em contrações uterinas de grande amplitude, vasoconstrição arteriolar com diminuição do fluxo sanguíneo uterino, isquemia e dor.   

Dietas com baixo consumo de peixes, ovos e frutas têm sido associadas à dismenorreia e relacionadas à baixa ingestão de Ômega 3, cálcio e magnésio.  Atualmente, o tratamento da dismenorreia primária associa medicamentos a medidas gerais como exercício físico, apoio emocional e outras terapias, como acupuntura e estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS). O uso de anti-inflamatórios não hormonais é a primeira escolha e também pode-se lançar mão de pílulas anticoncepcionais.  

Fique tranquila! As cólicas menstruais intensas  ocorrem na minoria das vezes e não são infinitas. É uma fase que vai passar. Você e o(a) Ginecologista saberão conduzir da melhor forma.  

Boa sorte! 
 
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