Dor pélvica: um drama para a paciente e para o médico

Algumas vezes não se encontra um componente anatômico para a dor apesar de extensa investigação causando frustração em todos

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Quem tem ou já teve dor pélvica sabe do que estou falando, de tão chato que é conviver com ela. 

A dor pélvica crônica (DPC) é um desafio para o médico e é definida pela dor na parte inferior do abdome ou na pelve com duração superior a 6 meses.

Para complicar, às vezes a intensidade da dor é desproporcional à lesão, como no caso da endometriose, isto é, uma dor intensa pode corresponder à doença mínima e vice-versa. Algumas vezes não se encontra um componente anatômico para a dor apesar de extensa investigação causando frustração para a paciente e o médico. 
Como  grande parte das causas da DPC é de origem ginecológica, o Ginecologista é o primeiro profissional procurado pela paciente mas devemos estar atentos  que problemas urológicos, intestinais ou psiquiátricos também fazem parte da lista de prováveis causas. 

Dores pélvicas podem ser de natureza cíclica e relacionadas ao ciclo menstrual ou não cíclicas.  As cólicas menstruais, também chamadas dismenorréias, podem variar de sintomas leves de dor no baixo ventre até dores intensas acompanhadas de náuseas, vômitos, diarréia e desmaios, necessitando de atendimento em serviços de urgência. Merecem investigação porque, em algumas vezes, se encontra a causa porém, em outras, a dismenorréia não tem causa definida (dismenorréia primária) e o tratamento é à base de antifinflamatórios e anticoncepcionais. 

A DPC é um dos principais sintomas da endometriose, uma doença caracterizada pela presença de focos de endométrio fora do útero. Isso mesmo! Aquele tecido produzido dentro do útero durante o ciclo menstrual também pode estar fora do útero e dentro do abdome causando cólicas menstruais intensas, dores às relações sexuais ou até mesmo dores pélvicas relacionadas à ovulação, exercícios, postura e evacuações. Isso para não falar na infertilidade, isto é, dificuldade para engravidar. O tratamento pode ser com  medicamentos que interrompem temporariamente as menstruações e, em alguns casos, cirurgia. 

A dor vulvar ou vulvodínia pode ser acompanhada por ardência, coceira e dores às relações sexuais e pode exigir uma biópsia da vulva para se ter o diagnóstico e tratamento corretos.

Doenças urológicas e gastrointestinais respondem  por considerável parcela de pacientes portadoras de DPC, devendo-se investigar se há concomitante urgência, ardência e dificuldade para urinar, constipação intestinal, diarréia, síndrome do colon irritável, Doença de Crohn ou até mesmo intolerância alimentar. As participações do Urologista, Gastroenterologista e Proctologista podem ajudar muito. 

Dores pélvicas que melhoram com o repouso e exacerbam com o exercício podem ser de causas musculares ou ósseas. Aquelas dores   acompanhadas de dormências, áreas com diminuição ou ausência de sensibilidade ao toque, áreas com alterações de temperatura alternando quente/frio, fazem pensar em um componente neurológico associado. 

E atenção: dores pélvicas e depressão andam de mãos dadas e pode coexistir ansiedade, medo, irritabilidade, reflexos do significado da dor para aquela paciente e para sua família, com repercussões no trabalho e lazer. 

Vale lembrar que ninguém avalia melhor a sua dor do que você mesma. A dor é real e só a paciente sabe o quanto isso a está perturbando. Como vimos, há uma variedade de causas e também de soluções! 

Hora de agir!
 
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