Vale a pena adotar metas agressivas de reduzir colesterol ruim em pacientes que tiveram AVC?

A dislipidemia (colesterol LDL alto) é doença silenciosa e pacientes costumam suspender medicação por vontade própria

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(foto: Wikipedia)

Atualmente, se discute muito qual deve ser o nível ideal de colesterol LDL (colesterol ruim depositado nas artérias causando obstruções), diante das várias situações clínicas, desde pacientes chamados de baixo risco a pacientes de muito alto risco.

Consideramos as seguintes metas de LDL:
- 130mg/dl para  pacientes de baixo risco;
- 100mg/dl para os de risco intermediário
- 70mg /dl para pacientes de alto risco;
- 50 mg/dl para pacientes de muito alto risco.

Seu cardiologista muito facilmente saberá fazer a tabela de seu risco cardiovascular em consultório e quantificar que situação é a sua, ou seja, qual deverá ser seu colesterol LDL.

Muitos não acreditam que, por ser uma doença sem sintomas, não mereça o uso de medicação pois, aparentemente, não vêem benefícios em tomar as estatinas para redução do colesterol LDL.

Muitos pacientes, por vontade própria, suspendem o uso dessas medicações exatamente por acharem que estão usando uma medicação que aparentemente não gera benefícios em seu uso ad aeternum. A verdade é que, quando temos um sintoma da manifestação do colesterol elevado (dislipidemia), na maioria das vezes ou é um derrame cerebral ou é um infarto agudo do miocárdio,acompanhado às vezes de morte súbita.

Um estudo, publicado em novembro de 2019, Treat stroke to target (comparação de 2 níveis de LDL colesterol após acidente vascular cerebral), mostrou bem a vantagem de se usar estatinas para baixar o nível do colesterol em níveis já preconizados nas diretrizes de colesterol.

Nesse estudo, foram formados dois grupos de pacientes pós-AVC (acidente vascular cerebral) um para atingir uma meta de LDL colesterol menor que 70 mg/dl(chamado grupo menor meta) e outro para manter uma meta de LDL colesterol entre 90 e 110 mg/dl(chamado grupo de maior meta).

Todos os pacientes tinham doença cerebrovascular e receberam estatinas. Os principais desfechos (achados clínicos) eram o achado de novo AVC, infarto do miocárdio ou cirurgia de ponte de safena.

Ao todo, 2860 pacientes foram acompanhados por 3,5 anos. No grupo de menor meta, o LDL colesterol médio atingido foi de 65 mg/dl e no grupo de maior meta o LDL médio foi de 96 mg/dl.

Concluindo, houve uma diferença estatisticamente significativa nos pacientes de menor meta quando comparados com os de maior meta.

Os autores concluíram que, após o AVC, pacientes que atingem a meta de LDL colesterol menor que 70 mg /dl, apresentam menor risco subsequente de eventos cardiovasculares em comparação com aqueles que atingiram níveis de LDL entre 90 e 110mg/dl.

Para finalizar, em nossos consultórios temos visto nesses longos anos do exercício profissional pacientes que usam corretamente as estatinas reduzirem placas de colesterol principalmente em artérias carótidas e coronárias.