Abusar de sal de cozinha pode comprometer a memória; entenda por quê

Em certas regiões do Brasil, a média de consumo diário de sal chega a 12 gramas, contra 5 gramas, limite recomendado pela Organização Mundial de Saúde

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Sal é vilão da boa memória (foto: Pixabay)

Já é do conhecimento de todos nós a relação entre hipertensão arterial e consumo excessivo de sal.

O sal é reconhecidamente um dos principais fatores de risco para a hipertensão arterial e associa–se a eventos cardiovasculares e renais.

O limite de consumo diário de sódio é de 2 gramas/dia, o que corresponde a 5 gramas de sal de cozinha.

No Brasil, o consumo de sal vai muito além do que é preconizado pela Organização Mundial de Saúde, em alguma regiões chegando ao consumo de 12 gramas/sal por dia.
 
Um estudo publicado recentemente pela revista Nature mostrou que uma dieta rica em sal pode afetar negativamente a função cognitiva (memória). O mecanismo que faz isso acontecer se dá porque aponta-se o sal como causador da deficiência de uma substância de vital importância para o cérebro chamada óxido nítrico, um potente dilatador dos vasos cerebrais.

O estudo mostrou que quando ocorre a queda do óxido nítrico, ocorrem alterações químicas em uma proteína específica do cérebro, contribuindo assim para a demência.

Um estudo anterior, com ratos, já haviam mostrado a capacidade do sal em produzir demência. Quando ocorreu o abuso de sal, o organismo dos ratos produziu uma substância chamada interleucina, que promove um estado inflamatório. O contato da interleucina com os vasos sanguíneos cerebrais gerou redução na formação do óxido nítrico, substância vasodilatadora, importante no relaxamento e alargamento dos vasos sanguíneos do cérebro, permitindo que o sangue flua. Com a falta do óxido nítrico, ocorreu a queda no fluxo de sangue para o cérebro.

Com base nessa descoberta, levantou-se a hipótese de que o sal provavelmente ocasionou a demência nos ratos, devido à redução do fluxo de sangue nos vasos cerebrais. Posteriormente, em nova fase do estudo ficou demonstrado que a baixa do óxido nítrico afetou a estabilidade de uma proteína no cérebro e que o seu acúmulo teria causado os problemas cognitivos.

Os autores do estudo acreditam que evitar ingestão excessiva de sal e manter correta a saúde vascular pode ajudar a evitar patologias vasculares e neurodegenerativas que levam à demência.

 

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