Inverno pede cuidados com os olhos

Síndrome que resseca a região e uso indiscriminado de colírios provocam incômodo e outros problemas. Veja dicas de oftalmologistas para evitar males comuns à estação mais fria do ano

por Estado de Minas 03/07/2019 15:25
Pexels/Artem Mizyuk
(foto: Pexels/Artem Mizyuk)
Você visita o oftalmologista regularmente? Está em dia com a saúde dos olhos? Se a resposta é negativa, a chegada do inverno pode trazer incômodos a mais. Isso porque diante de rajadas de vento, temperaturas baixas e a falta de chuvas comuns à estação, a região ocular resseca, assim como a pele. 

Segundo oftalmologistas do Instituto de Olhos de Belo Horizonte, o clima seco facilita a evaporação da lágrima, muito importantes para a saúde ocular e pode provocar a síndrome do olho seco
 
 
Sintomas Desconforto ocular (principalmente após assistir a TV, ler, costurar, usar computador), sensação de areia, prurido, lacrimejamento (reflexo) excessivo e vermelhidão são alguns sintomas da síndrome.

Especialistas explicam que as lágrimas são muito importantes para a saúde ocular pois lubrificam, lavam impurezas, fornecem oxigênio e nutrientes, além de terem substâncias (enzimas e anticorpos) que atuam na defesa contra infecções. 

Lembram, ainda, que a causa de olho seco nem sempre é clara, mas parece haver um desequilíbrio entre a produção da lágrima e sua drenagem. 

A atenção deve ser redobrada por quem trabalha diante do computador por muitas horas, o que reduz o número de piscadas e a renovação da lágrima. A justificativa é que a diminuição da quantidade de lágrima ou alteração de sua composição causam a síndrome do olho seco.

 Diagnóstico Se houver sintomas, o paciente deve procurar o serviço especailizado. Vale ressaltar que o diagnóstico é feito pela avaliação clínica no exame biomicroscópico e auxiliado por testes específicos como o teste de Schirmer. Eventualmente, o especialista pode solicitar uma análise laboratorial da lágrima.

Já o tratamento varia de acordo com o diagnóstico. Lembrando que o paciente não deve se automedicar uma vez que o uso indiscrimado de colírios pode prejudicar a saúde ocular e em geral, conforme alerta assinalado a seguir (veja abaixo). 

Dicas para melhorar o conforto de quem sofre com o tempo seco é o uso de umidificadores de ambiente.

Alerta: brasileiro banaliza colírios

Preocupado com o uso indiscrimado de colírios pelos brasileiros, Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier, de Campinas, São Paulo, fez um levantamento nos prontuários do hospital. A pesquisa confirmou a suspeita de que, durante o inverno, o uso de colírios pode ser ainda mais perigoso: “se aliado ao maior consumo de diferentes remédios, o uso de colírios pode provocar interações perigosas. No inverno, o risco aumenta em 20%, o dobro do restante do ano. É o caso dos antibióticos que podem inibir o efeito da pílula anticoncepcional”, exemplifica.

Segundo o especialista, o uso de colírio em interações com outros remédios pode ainda piorar o glaucoma e causar outros problemas. A seguir, ele detalha os malefícios do uso indiscriminado de colírios. Veja:  
 
Olhos branquinhos

O especialista alerta cardiopatas e hipertensos para redobrar a atenção sobre o uso de remédios para afinar o sangue com colírio adstringente para combater a irritação dos olhos, que é bastante usado no frio. Isso porque essa associação pode causar hemorragia, já que o colírio tem ação vasoconstritora. A diminuição do calibre dos vasos e da oxigenação de todos os tecidos também predispõem a picos de hipertensão arterial, alterações cardíacas e, a longo prazo, à catarata.

Para combater a vermelhidão dos olhos sem correr risco, a dica do oftalmologista é aplicar nos olhos compressas de gaze embebida em água filtrada fria ou usar colírio hidratante sem conservante. Se os sintomas não desaparecerem em dois dias é necessário consultar um especialista.

Glaucoma

Queiroz Neto afirma que 90% dos que têm glaucoma fazem tratamento com colírio para baixar a pressão interna dos olhos. Os colírios adstringentes e os descongestionantes nasais inibem o efeito do tratamento, salienta. Isso porque os dois medicamentos são vasoconstritores e levam à baixa perfusão ocular. O especialista explica que isso significa menor circulação sanguínea, de humor aquoso e de colírio antiglaucomatoso no olho que levam à progressão da doença.

O corticoide, sobretudo na forma de colírio, é outro remédio bastante usado no inverno que corta o efeito do colírio antiglaucomatoso, afirma. Ele explica: a substância prejudica a parte do olho que escoa o humor aquoso, líquido que preenche o globo ocular. Resultado: O humor aquoso acumula no olho e a pressão intraocular sobe. “Pessoas que nunca tiveram glaucoma e nem têm casos na família podem desenvolver a doença se o uso do corticóide for prolongado”,  adverte.

Asma

O médico ressalta que outro exemplo de associação perigosa é usar colírio betabloqueador indicado para glaucoma com remédio broncodilatador. O risco é provocar falta de ar e, dependendo da sensibilidade da pessoa, uma crise de asma.

“Os efeitos dos medicamentos diferem quando associados e usados isoladamente. A consulta ao Dr. Google não prevê este risco”, afirma.