Italianos mantêm sorveteria em BH aos moldes do país de origem

Goccia di Latte, em Lourdes, produz diariamente 24 receitas de sorvete

por Eduardo Tristão Girão 30/01/2015 20:23

Andre Hauck/Esp.EM.
Adriano Bitti e Maurizio Massarotto: segredos italianos em BH (foto: Andre Hauck/Esp.EM.)
Mestres-sorveteiros, especialistas e empresários do ramo não se entendem quando o assunto é associar a palavra artesanal ao sorvete. Ao pé da letra, não poderia ser chamado assim o gelado feito com a mistura industrializada em pó de emulsificantes e estabilizantes (quase todos são), mas há quem veja na manipulação local dos ingredientes (incluindo esse) motivo suficiente para enquadrar uma produção como artesanal.

Em função disso, chama a atenção a recente inauguração da sorveteria Goccia di Latte, em Lourdes. Longe de esconder a forma como preparam seus produtos (vários com misturas industrializadas), os proprietários, os italianos Adriano Bitti e Maurizio Massarotto, chegam a pôr na vitrine o gelado que leva o nome da casa e nada mais é do que a “base branca” para muitos dos outros sabores. A saber: leite, creme de leite, açúcar e o tal pó. Esse sabor é mais conhecido como fior di latte.

A dupla trabalha com cerca de 90 receitas, disponibilizando 24 delas diariamente. Os sabores são produzidos em diferentes horários, à medida que o consumo sinaliza as cubas mais vazias. Ao fim do dia, o que sobra é derretido e batido com o sorvete recém-feito. “Isso não afeta em nada a qualidade. Quando você realmente trabalha um dia de cada vez, não acontece de sobrar tanto”, explica Bitti. Ele e Massarotto trabalhavam em restaurantes na ilha italiana da Sardenha.

As bases industrializadas vêm, principalmente, das marcas Fabbri, Aromitalia e Leagel (cuja fábrica fica em Sete Lagoas). “Na Itália, cada fábrica é top em um produto. No amarena, a Fabbri tem uma receita que não dá para copiar. Já o gianduia da Aromitalia é o melhor”, defende Massarotto.

Para o pistache, sabor que a concorrência geralmente apresenta em versão totalmente artificial, é usada a pasta do fruto cultivado na cidade italiana de Bronte (na Sicília), um dos melhores do mundo. Esse nunca pode faltar na casa, bem como os sabores chocolate meio amargo, avelã, limão, tiramisù, amarena, nozes, melão e coco. Há variedades ocasionais e outras em teste, como malaga, zuppa inglese e crostata de chocolate com laranja.

Andre Hauck/Esp.EM.
Sorvete feito de pistache vindo da Sicília (foto: Andre Hauck/Esp.EM.)
FRESCOR No caso dos sorvetes de fruta (sorbets, na verdade, feitos com água e açúcar), os italianos conseguem usar produtos frescos, a maioria vinda do Mercado Central. É o caso do maracujá, ingrediente com o qual nunca haviam trabalhado antes. “Cada fruta é um trabalho diferente. Mamão é uma coisa, morango é outra. Cada qual com o seu nível de açúcar natural”, explica Adriano.

No copinho ou na casquinha, os preços de qualquer sabor são R$ 10 (pequeno), R$ 12 (médio) e R$ 14 (grande). Há, ainda, embalagens domésticas (500g, R$ 40; 1kg, R$ 70). O pequeno cardápio lista também expresso com café do Sul de Minas (R$ 5), bebidas geladas com café (R$ 18, em média) e cappuccino (R$ 7). Em breve, a casa produzirá seu próprio tiramisù.

GOCCIA DI LATTE
Avenida Álvares Cabral, 1.039, Lourdes. (31) 9814-8614 e (31) 9605-9056. Aberto diariamente, das 11h às 23h.  

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