Máscaras e álcool gel: proteção contra coronavírus ou ilusão?

Itens de proteção têm indicações de uso, modelo e devem ser utilizados de maneira adequada para conseguir atingir os objetivos

Odd ANDERSEN / AFP
(foto: Odd ANDERSEN / AFP)

Neste momento de diversas dúvidas, preciso iniciar a coluna com as recomendações essenciais: Fique em casa e lave as mãos com água e sabão.

O Brasil está vivenciando inúmeras experiências sociais durante a pandemia causada pelo o novo coronavírus. Muitos chegaram a pensar que era uma doença que não iria nos atingir ou que não seria tão intensa. A verdade é que ela chegou e estamos diante de uma ameaça real para a saúde e para o nosso sistema de saúde.

A ausência da cura e da vacina aumenta a angústia da população que, na tentativa de se proteger, acaba prejudicando a própria saúde e o trabalho dos profissionais da saúde. Como? Consumindo de forma excessiva os itens de proteção como, por exemplo, luvas, máscaras e álcool. O uso inadequado não oferece proteção adequada e impede o acesso daqueles estão expostos aos riscos reais e precisam realmente.

Além de diminuir o estoque para quem realmente precisa, o consumo desenfreado desses produtos faz com que os preços deles cheguem a valores exorbitantes.

Para se ter uma ideia, antes da pandemia um pote de 500g de álcool gel custava, em média, R$ 10,00, e com o início da pandemia esse mesmo pote chegou a ser encontrado por até R$ 60,00.

O mesmo aconteceu com as máscaras. Antes da pandemia alguns modelos de máscaras custavam, em média, R$ 2,00 e agora é possível encontrar por até R$ 100. Caixas de máscaras cirúrgicas com 50 unidades, que antes custavam R$ 8,00, agora são vendidas por quase R$ 200,00.

Esse comportamento não foi observado apenas no Brasil. Diversos países vivenciaram a mesma corrida por esses materiais e o aumento abusivo nos preços. Na França, um pote de 100ml foi encontrado por R$ 125,00. Ou seja, em Paris o nosso pote de 500g custaria, em média, R$ 625,00. O que mais incomoda os profissionais de saúde e os gestores é que o consumo está sendo feito por pessoas que não terão benefício desses itens.

O descontrole da população fez com que muitos ignorassem regras básicas de proteção e se esquecessem da principal delas: ficar em casa e lavar as mãos. Equipamentos e materiais utilizados de maneira inadequada aumentam os riscos de infecção e por mais simples que possa parecer, existem técnicas e protocolos para a higiene adequada das mãos e para o uso adequado das máscaras.

Embora muitos já tenham assistido, escutado ou lido sobre as formas corretas de lavar as mãos e indicações dos equipamentos de proteção individual, ainda há muita gente agindo de forma errada e irresponsável. Basta entrar no supermercado para ver a quantidade pessoas tocando a parte externa das máscaras e contaminando toda a região “supostamente protegida” e multiplicando regiões possivelmente contaminadas ao manter os mesmos comportamentos.

Álcool Gel


- O uso de álcool gel somente é necessário em situações em que não é possível lavar as mãos com água e sabão;
- Para higiene de objetos que não podem ser lavados, o álcool gel é uma ótima opção;
- O álcool deve ser 70% para a função de eliminar microorganismos, como o vírus Sars-cov-2;
- Soluções de hipoclorito podem ser utilizados para a higiene com a mesma eficácia. 
Benny Cohen/EMDA Press
(foto: Benny Cohen/EMDA Press)


Para superfícies, use preferencialmente a água sanitária 2-2,5%.
Dilua uma parte de água sanitária (250ml) para 3 partes de água (750ml), para obter 1 litro a 0,5% e pode desinfetar superfícies como pisos, azulejos, paredes, banheiros e cozinha.

Você está se perguntando se enfrentou filas desnecessárias e desperdiçou dinheiro? Infelizmente, respondo que, provavelmente, sim.


Higiene das mãos


Vou ensinar a técnica adequada para lavar as mãos:

1. Umedeça (molhar) as mãos as duas;
2. Coloque sabão ou sabonete suficiente;
3. Esfregue as palmas das mãos;
4. Esfregue as costas das mãos;
5. Esfregue os punhos até o meio do antebraço;
6. Esfregue entre os dedos partes internas e externas;
7. Esfregue os polegares;
8. Esfregue as pontas dos dedos;
9. Limpe com as próprias mãos o ponto de contato com a torneira;
10. Enxague as mãos da ponta dos dedos até o punho;
11. Seque com toalha limpa ou preferencialmente toalha de papel.

Máscaras 


Orientação número 1: O uso de máscaras não está indicado para pessoas saudáveis, que não estão em contato com pessoas doentes. 

A maioria das pessoas que esgotou o estoque de máscaras no Brasil não tem indicação de utilizá-las, pagar 25 vezes mais pelas máscaras não te confere mais proteção e o que é pior: sem necessidade. Como disse anteriormente, essas ações contribuem para a escassez e a falta de material de proteção nos locais que realmente necessitam: os hospitais.

Quem deve usar máscara?

Pessoas doentes devem usar máscara para evitar o contágio de outras pessoas e não para a própria proteção. Profissionais de saúde devem usar a máscara adequada para se proteger de uma possível infeção durante procedimentos que têm contato com as gotículas e aerossóis dos pacientes. Neste caso a máscara mais adequada é a modelo N95 ou PFF2 ou equivalente. São máscaras indicadas para proteção contra agentes biológicos e possuem eficácia superior a 94%.

A respeito do uso das máscaras, nunca toque a frente da máscara. Precisamos lembrar que a se trata de um filtro e que se tocar a parte da frente estará entrando em contato diretamente com o que desejamos evitar. Atualmente devido a escassez de materiais estamos reutilizando máscaras, mas para isso é preciso muita atenção ao retirar o equipamento. Para removê-la do rosto, retire-a pelos ela%u0301sticos, tomando bastante cuidado para na%u0303o contaminar e acondicione em um saco ou envelope de papel com os ela%u0301sticos para fora, para facilitar a retirada da ma%u0301scara. Guarde a máscara em um envelope ou em saco plástico furado para permitir ventilação e melhorar a conservação.

Em situações normais, a máscara cirúrgica deve ser descartada após o procedimento ou após 2 horas de uso e as do tipo N95 ou PFF2 podem ser usadas por até 12 horas. Nesta conjuntura, as máscaras serão utilizadas até que os profissionais possam ter acesso a outro material mais novo, entretanto, a Anvisa orientou que não se faça uso por mais de 15 dias dos modelos N95 e PFF2.

Não consuma algo que você não precisa e se precisar fique atento para a forma de uso e descarte. O uso inadequado é prejudicial a sua saúde e o  melhor a se fazer é lavar as mãos constantemente e ficar em casa. 

Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Envie um e-mail para ericksongontijo@gmail.com