Estudo associa a asma a um maior risco de câncer

Especificamente, pessoas com asma têm maior risco de desenvolver câncer de pulmão, câncer sanguíneo, melanoma, câncer de rim e câncer de ovário

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Portadores de asma brônquica têm 36% mais chances de desenvolver câncer do que pessoas sem a doença respiratória, de acordo com um estudo publicado na prestigiada revista Cancer Medicine. Pela primeira vez, uma associação positiva entre asma e risco de câncer foi descoberta nos Estados Unidos.

Detalhes do estudo


De acordo com a Asthma and Allergy Foundation of America, quase 26 milhões de americanos têm asma, incluindo quase 5 milhões de crianças e adolescentes com menos de 18 anos.

Para o estudo, os pesquisadores acompanharam 360.084 pacientes com idades entre 18 e 65 anos, 90.021 dos quais tiveram asma por oito anos. Os pacientes foram rastreados por meio da OneFlorida+ Clinical Research Network, uma iniciativa do Instituto de Ciências Clínicas e Translacionais da Universidade da Flórida (UF), que integra pesquisas da UF Health e do UF Cancer Center e dos parceiros do sistema de saúde em toda a Flórida, Geórgia e Alabama.

Os pesquisadores descobriram que as pessoas com asma tinham 36% mais chances de desenvolver câncer do que aquelas sem asma. Especificamente, as pessoas com asma tinham maior risco de desenvolver câncer de pulmão, câncer sanguíneo, melanoma, câncer de rim e câncer de ovário.

Os pesquisadores também descobriram que os pacientes com asma que não usavam esteróides tinham um risco maior de desenvolver nove dos 13 tipos de câncer estudados do que aqueles sem asma.

Pacientes com asma que usaram esteróides inalados tiveram apenas um risco elevado de desenvolver câncer de pulmão e melanoma do que aqueles sem a doença, sugerindo que os esteróides tiveram um efeito protetor.

Embora estudos anteriores tenham mostrado um efeito protetor do uso de esteróides inalados em alguns tipos de câncer, potencialmente reduzindo a inflamação, a natureza especulativa da inflamação crônica (por exemplo, asma como exemplo comum) como um fator para o desenvolvimento de pan-câncer requer mais investigação.

Como explicar o fenômeno?

Esse é o primeiro estudo da literatura médica a fornecer evidências de uma associação positiva entre asma e risco de câncer nos Estados Unidos. Obviamente mais pesquisas são necessárias para melhor se examinarem os mecanismos pelos quais a asma está associada ao câncer, dada a prevalência da asma.

A relação entre inflamação crônica e câncer continua sendo uma área chave de exploração na etiologia do câncer. Dados mostram que o risco de desenvolver câncer é maior em pacientes com doenças inflamatórias crônicas, e pacientes com asma apresentam inflamação complexa e crônica. No entanto, estudos anteriores explorando uma possível ligação entre asma e câncer produziram resultados mistos.

Apesar dos dados intrigantes e desafiadores, mais estudos aprofundados usando dados reais são necessários para explorar ainda mais os mecanismos causais da asma no risco de câncer, bem como confirmar inequivocamente e de forma prospectiva essa associação.