Máscaras e barreiras sanitárias - certo ou errado?

Entenda a eficácia das duas medidas adotadas em grande parte do Brasil

Alexandre Rattes 04/06/2020 07:27
Edesio Ferreira/EM/D.A Press
(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Pela primeira vez, os brasileiros estão sendo obrigados a usar máscaras, inclusive em locais abertos. A medida iniciada em Belo Horizonte bem antes de o ser em São Paulo, cidade brasileira com maior número de casos da América do Sul, segue sendo questionada bem menos que as barreiras sanitárias que estão sendo instaladas pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.

O uso de máscaras tem sido objeto de discussão em algumas partes do mundo. Na Inglaterra por exemplo as pessoas foram instruídas a usar máscaras no transporte público, em algumas lojas e espaços fechados ou situações onde o distanciamento social nem sempre é possível e há contato com pessoas estranhas. Por lá o uso não é obrigatório ao ar livre ou durante exercícios físicos, nas escolas e em escritórios e crianças de dois anos ou menos não devem utilizá-la se não tiverem um responsável por perto.

E o que diz a OMS sobre o assunto?

Se você estiver saudável, só precisará usar uma máscara se estiver cuidando de uma pessoa com COVID-19. Você deve usar máscara se estiver tossindo ou espirrando e deve saber como utilizá-la e  descartá-la adequadamente.

As máscaras são eficazes somente quando usadas em combinação com a limpeza frequente das mãos com álcool ou água e sabão
Pesquisas sugerem que máscaras sem válvula lateral de escape podem reduzir em 90% a distância de propagação de um fluxo respiratório.

Mas um recente estudo liderado por engenheiros da Universidade de Edinburgh na Escócia, concluiu que máscaras caseiras e cirúrgicas limitam o fluxo de ar para fora, mas geram jatos de escape para cima, para o lado e para baixo que podem alcançar longas distâncias. Já as máscaras utilizadas por trabalhadores em áreas onde há muita poeira fina e que possuem uma válvula, facilitariam muito a inspiração, mas podem gerar fluxos de ar exalados capazes de alcançar longas distâncias. Somente máscaras que formam um fechamento justo na face seriam capazes de prevenir a propagação do vírus.

Independentemente do topo de máscara uma breve observação das pessoas utilizando máscaras nos leva e perceber que seu uso inadequado pode ser mais perigoso que parece. Isso porque boa parte das pessoas usa máscaras frouxas e incomodadas tentam ajustá-la constantemente, tocando na parte da frente, sem observar que suas mãos estejam contaminadas. Com isso podem trazer o vírus mais próximo do nariz -porta de entrada principal dos vírus respiratórios. Também não adianta usar a máscara sem cobrir o nariz e a boca.

Outro erro frequente é retirar a máscara e colocá-la sobre uma mesa ou cadeira, dentro de um bolso ou locais sujos ou contaminados.

Mas afinal de contas as máscaras ajudam a prevenir a disseminação o Coronavírus? Segundo a Mayo Clinic, se combinadas com outras medidas preventivas como distanciamento social e lavagem frequente das mãos a resposta é sim. 

E lembrando, precisam estar secas, porque a umidade favorece a passagem do vírus, e devem ser descartadas no lixo assim que você chega em casa.

E quanto às barreiras sanitárias, a longa permanência de pessoas em carros e ônibus com janelas fechadas em dias frios, por conta dos engarrafamentos gerados pelos estreitamentos de pista nos parece, ainda que os usuários de transporte público estejam utilizando máscaras que vão saturando ao longo do uso, algo que definitivamente não gera nenhum benefício à população.

E longe do ideal, pacientes ali selecionados para avaliação precisam, até onde temos conhecimento, de muita paciência para realizar o exame na rede pública, com tempo de espera para coleta de material prolongado.

Meu nome é Alexandre Rattes e sou otorrinolaringologista
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