Cirurgias plásticas entre adolescentes crescem 140% em dez anos no Brasil

É preciso entender o que é necessidade real e o que é fruto de fantasia dos jovens, fruto de fotos embelezadas que vemos na internet todos os dias

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(foto: Pixabay )

Segundo pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, apenas em 2018 foram feitas 83.655 operações em adolescentes no país. Esse número, bastante expressivo, se dá, em grande parte, ao boom das redes sociais e aos padrões atuais de beleza impostos aos indivíduos desde muito cedo. Infelizmente. 

Na adolescência o corpo ainda está em formação. Por isso, é necessário que o médico cirurgião plástico tenha atenção redobrada ao atender pacientes deste grupo. É preciso entender o que é uma necessidade real e o que é fruto de uma fantasia criada na cabeça desses jovens por conta das fotos photoshopadas e cheias de filtros que eles veem na internet todos os dias. 

otoplastia, por exemplo, que corrige as orelhas proeminentes, pode ser feita a partir dos 05/06 anos. Já as próteses mamárias, a recomendação é que sejam feitas a partir dos 18, ou pelo menos 4 anos após o início da menstruação, em casos selecionados. Obviamente, após muita conversa e avaliação para definir um tamanho apropriado para a estrutura da pessoa, sem que haja sobrecarga de peso ou fique desproporcional. 

O mesmo cuidado que deve existir por parte dos médicos precisa ser estendido aos pais desses jovens. Se, por acaso, observarem que seus filhos estão nutrindo padrões de beleza irreais, exigindo de si mesmos características completamente distantes de seu biotipo ou raça, é preciso, por meio de muito diálogo, frear a situação enquanto é tempo. 

São situações que abrem brechas para profissionais desqualificados, que aceitarão atender esses adolescentes mais preocupados com dinheiro que com a saúde integral destas pessoas. E as submeterão a grande risco. Seja por fazer os procedimentos em locais inapropriados, utilizar materiais e substâncias não autorizados por órgãos de fiscalização ou ainda seguir à risca um desejo completamente irresponsável ou ilusório do paciente, como afinar demais o nariz prejudicando a respiração, colocar implantes grandes demais nos seios e glúteos, retirar costelas para diminuir a cintura, entre outros absurdos.

Entendemos que a adolescência é um período difícil, de muitas mudanças no corpo e na mente, e inseguranças. Claro que é possível corrigir problemas que, muitas vezes, atrapalham o desenvolvimento da autoestima do indivíduo, mas, como sempre enfatizo aqui, a saúde e a segurança de nossos pacientes devem vir em primeiro lugar. Por isso a escolha e a confiança no cirurgião plástico são fundamentais sempre. 

Qualquer mudança no corpo vai ser definitiva. Deve haver maturidade para entender isso, assim como aceitar os riscos habituais, como as complicações, raras mas existentes. E resultados que não correspondam às expectativas. Em menores de idade, estas responsabilidades deverão ser compreendidas pelos pacientes e compartilhadas com seus pais ou responsáveis, cabendo ao Cirurgião Plástico os orientar da forma mais ampla, sincera e verdadeira possível.
 
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