Coronavírus: 'Não podemos nos aquietar em nossas casas sem nenhuma atitude'

Responsabilidade e segurança e das evidências que já conhecemos até o momento devem nortear nossas condutas

AFP / STR
(foto: AFP / STR)

Estamos vivendo um momento ímpar em nossas vidas e acredito que nenhum de nós poderia imaginar viver uma situação semelhante. Uma pandemia, originada, provavelmente, em um mercado na China, que paralisou o mundo e uniu a humanidade.

Hoje nos encontramos em prol do mesmo objetivo: sobreviver a este vírus, aparentemente frágil, mas em função de seu desconhecimento, tão aterrorizador.

 

A cada dia, conhecemos um pouco mais sobre o Covid-19. Em alguns momentos, acreditamos que o respeito e o medo a ele devem nos manter mais assustados. Em outros, achamos que devemos nos cuidar, respeitando a doença, mas que não devemos manter o pânico e podemos retornar à nossas vidas normais de forma bem orientada. A segunda opção é pensada, justamente, para evitar expor a população a piores riscos,  relacionados à falta de empregos, ao desabastecimento, ao empobrecimento das nações, o que poderá afetar ainda mais a saúde e a segurança do povo.

 

Um estudo recente, publicado em novembro de 2019, mostra que 1% de desemprego representa um aumento de 0,5% de mortalidade por 100 mil habitantes. Dessa forma, podemos imaginar o quanto uma crise econômica poderá representar a mais na mortalidade, especificamente, em nosso País, que já vem sofrendo uma recessão econômica há tantos anos.

 

Na Cirurgia Plástica, por orientação recente de órgãos públicos Estaduais, Municipais e Federais, os profissionais tiveram que suspender todas as atividades relacionadas a procedimentos eletivos, para a proteção dos pacientes e das equipes médicas.  A medida visa reduzir a transmissibilidade da doença mas é baseada nas evidências que tínhamos até este momento a seu respeito.

 

O que temos de fato hoje é aquilo em que sempre nos embasamos na Medicina: cada ser, com suas características individuais, relacionado também ao meio (cidade, estado, nação) em que vive, terá uma resposta diferente às intempéries e agressões do corpo. E sempre o bom senso, a análise individual, o equilíbrio na análise de toda a situação à luz da ciência que norteia cada procedimento médico, deverá ser levada em consideração. E agora, mais que nunca, precisaremos disso.

 

Deveremos ter equilíbrio e tranquilidade no retorno gradativo de nossas atividades e aos procedimentos eletivos. Aos médicos, tambem significa uma volta aos cuidados com os nossos pacientes, que precisam do nosso atendimento, sempre prezando pelo bem estar físico, social e emocional .

 

Não podemos nos aquietar em nossas casas sem nenhuma atitude e esperar o tempo resolver tudo. Pelo contrário, devemos nos inquietar e, contra o tempo, tentar resolver tudo da forma mais rápida possível. Importante reforçar que isso deve ser feito sem transgredir os limites da responsabilidade, da segurança e das evidências que já conhecemos até o momento que nortearão nossas condutas.

 

Acredito e torço para que, ao analisarmos as estatísticas da mortalidade no Brasil nos meses de março, abril e maio, o número de mortes evitadas por este aprendizado (redução de morte de idosos por outras gripes e doenças infectocontagiosas tradicionais em nosso meio; redução de morte por acidentes automobilisticos e agressões (assassinatos), relacionados ao confinamento; redução do consumo de bebidas alcoólicas nas noitadas e em nossas estradas; e tantas outras mortes evitadas pela simples educação do povo sejam bem maiores que o número de mortes causadas especificamente pelo Covid-19.