Pele de tilápia é usada em cirurgia íntima

Técnica criada por pesquisadores do Ceará é aplicada em reconstrução do canal vaginal de mulheres, em tratamento de câncer e também para redesignação sexual

por Estado de Minas 13/08/2019 15:30
Arquivo pessoal
Equipe de médicos e pesquisadores realiza cirurgia ginecológica com pele de tilápia (foto: Arquivo pessoal)
Pesquisadores do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e comunidade médica de Cali, na Colômbia, comemoram o sucesso da primeira cirurgia de redesignação sexual realizada com pele de tilápia. 

Isso mesmo. Tema de pesquisas do grupo de brasileiros desde 2014, a matéria-prima do peixe direcionada à área da ginecologia e da saúde em geral apresenta resultados positivos. 
 
 
Quem garante é o médico Leonardo Bezerra, do Ceará, que tem operado e divulgado a técnica para reconstrução vaginal de mulheres que nasceram sem o canal vaginal, para quem passou por tratamento de câncer e para os transexuais.

Autor da técnica de redesignação sexual usando a pele de tilápia, Bezerra informa que o procedimento foi testado por uma equipe multidisciplinar da Maternidade Escola Assis Chateaubriand e do NPDM, sob coordenação do médico Odorico Morais. 

“O uso de pele de tilápia na ginecologia passou a ser pesquisado a partir do sucesso alcançado com a utilização da membrana no tratamento de queimaduras – pesquisa realizada no Ceará desde 2014, com coordenação do cirurgião plástico e presidente do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ), Edmar Maciel. Segundo Bezerra, com a pele de tilápia, o procedimento cirúrgico ficou mais rápido e menos agressivo
 

A cirurgia 


Realizada em Cali, na Colômbia, a primeira cirurgia de redesignação de sexo (masculino para feminino) abriu novas perspectivas. “Outras nove cirurgias já estão agendadas para ocorrer naquele país até o fim do ano, com matéri- prima originária do Banco de Peles de Tilápia, instalado no NPDM/UFC”, adianta o médico.

Bezerra informa que o procedimento cirúrgico atendeu a um paciente de 36 anos e teve duração de duas horas

A equipe contou com as participações dos pesquisadores cearenses Edmar Maciel Lima Júnior e Leonardo Bezerra, bem como do cirurgião plástico Álvaro Rodriguez, referência na Colômbia e na América do Sul em cirurgia de redesignação sexual.

“Sucesso total”, comemoraram os cientistas cearenses ao fim dos trabalhos na Clínica LungaVita, em Cali. Segundo eles, o procedimento cirúrgico contou com aprovação do Conselho de Ética Médica colombiano e foi precedido por um meeting internacional, com o objetivo de discutir e padronizar a técnica e as estratégias que vão nortear as cirurgias de redesignação sexual com a pele de tilápia em todo o mundo. Aspectos éticos e legais, em âmbito internacional, também fizeram parte da conversa.