Atividades físicas podem auxiliar na recuperação de lesões

O repouso absoluto não é regra. A depender do caso, atletas lesionados se beneficiam de treinos específicos, sempre respeitando a qualidade dos movimentos

por Revista do CB 15/08/2013 14:00

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Zuleika de Souza/CB/D.A Press
A psicóloga Rita Hoesken descobriu que as dores lombares eram reflexo de uma lesão do joelho: treinos funcionais foram a solução para evitar o sedentarismo (foto: Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
O período posterior a uma lesão não precisa ser de parada total. Há casos em que a recomendação é de repouso absoluto, mas há outros em que o médico prescreve atividades de reabilitação — que contribuem também para o aspecto psicológico do indivíduo. Alguns educadores físicos têm se especializado em criar treinos para desportistas lesionados, com o objetivo de prevenir novos acidentes e desenvolver a musculatura de forma simétrica.

A psicóloga Rita Hoesken, 53 anos, praticava pilates. Embora o impacto fosse reduzido, ela se machucou no joelho. Por ficar muito tempo sentada no trabalho, Rita sentia dores na coluna. Quando procurou o médico, o diagnóstico foi rompimento interno na articulação. “Não tinha noção de que era uma lesão. Para mim, era o cansaço diário do trabalho.” A dor nas costas, na verdade, era um reflexo sentido no nervo ciático. “Eu não queria parar de fazer atividade física, então optei pelo treinamento funcional”, diz a psicóloga. Por meio de uma avaliação dos movimentos, Rita pôde continuar a fazer uma série de exercícios e ainda conseguiu perder peso, umas das causas do problema no joelho. “Perdi 5kg em oito meses, o que aliviou bastante a pressão nas minhas pernas”, conclui.

A ocorrência de lesão não está relacionada apenas ao exagero da carga, mas à qualidade do movimento. Um simples agachar pode romper ligamentos. Não importa se a atividade envolve fortalecimento de musculatura (caso do pilates, por exemplo) — o movimento malfeito compromete todo o trabalho. Essa é a hipótese levantada pelo functional movement systems (FMS), modalidade que mistura pilates, fisioterapia e RPG em nome da simetria corporal. “Buscamos aperfeiçoar os movimentos por meio de um avaliação criteriosa”, diz Alexandre Angôlo, personal trainer que trouxe a técnica americana para Brasília. A proposta é descobrir quais são os elos frágeis do corpo.

A técnica difere da fisioterapia convencional por não trabalhar com a dor. A fisioterapia é o momento de cessar a dor no paciente. Já o treino específico para lesionados pretende recuperar a força muscular e a flexibilidade. Para isso, leva em conta a limitação de movimentos de cada um. “O grande problema das pessoas lesionadas é a falta de simetria. Ela pode ocorrer em várias partes do corpo, nos quadris, nos ombros, na coluna”, explica o personal trainer Eduardo Ulhoa. A assimetria “desequilibra” a nossa estrutura. “Alguém que corre com o ombro torto, por exemplo, pode desenvolver problemas no joelho”, completa.

O corpo funciona por “compensação”. Quando falta força de um lado, o outro que é prejudicado. “A frequência na academia é só um dos fatores, mas as pessoas têm problema normalmente pelo o que chamamos de disfunção em suas rotinas fitness”, comenta o professor Ulhoa. Os movimentos fundamentais não estão sendo feitos de maneira correta, por isso, a eficiência é inferior. O treino funcional de reabilitação não trabalha músculos isolados, mas o conjunto deles. As série são baseadas em movimentos do dia a dia, como esticar o braço para pegar algo ou agachar-se. São ações que poderiam ser realizadas por crianças, mas, com o tempo, o corpo se adapta a posturas erradas. Desfazer os maus hábitos dá trabalho.

Para isolar o elo fraco, como pede a técnica, é preciso levar em consideração todos os padrões de movimento do corpo. “A maioria das pessoas não faz nenhuma determinação de padrões adequados de movimento antes de iniciar programas de força, condicionamento ou reabilitação”, afirma Eduardo. Depois da avaliação desses padrões, é possível identificar o elo fraco. A partir da descoberta, desportista e professor trabalham a área necessitada. A avaliação é composta de sete sequências de movimentos para mensurar estabilidade, equilíbrio, velocidade, flexibilidade, agilidade, força e resistência aeróbica. São usados equipamentos para medir a assimetria dos membros. A força dos braços, por exemplo, é medida por meio de um puxão em uma corda. Se o braço esquerdo tem mais potência que o direito, já se sabe qual membro trabalhar.

Se tem dor, tem
A dor é o indício de que algo não vai bem, por isso, a indicação é a fisioterapia. “Trabalhamos com pessoas lesionadas e com limitações, não com dor. Quem tem dor tem de procurar o fisioterapeuta”, alerta Alexandre Angôlo, personal trainer que introduziu o Functional Movement Systems em Brasília.

Mas, passada a dor, não há desculpa para não trabalhar o corpo. “Não vejo problema nenhum em voltar a fazer atividade física, mesmo ainda lesionado. Basta apenas passar pela avaliação correta e reconhecer os limites do paciente”, afirma a fisioterapeuta Alessandra Ottoni.

Segundo Alessandra, as lesões mais comuns são as lombares, por conta do agachamento errado, tanto em casa quanto na academia. “Não adianta pegar pesado na musculação se o movimento está sendo feito de forma errada”, diz. A fisioterapeuta ressalta o descomprometimento na hora da orientação da atividade física. “ Muitos alunos em academia fazem a série que lhes foi dada, mas não sabem o que realmente precisam melhorar, quais partes devem ser trabalhadas”, afirma.

Em caso de lesão, a fisioterapia procede de duas formas. A primeira, curativa, com o objetivo de cessar a dor do paciente. A segunda é a preventiva, para prevenir a volta da lesão.

Sete pilares
O Functional Movement Systems prega a avaliação dos seguintes movimentos básicos:

Agachamento com a barra acima da cabeça
Passo sobre a barreira
Afundo linear
Mobilidade de ombros
Elevação de perna estendida
Flexão de braço com estabilidade
Estabilidade rotacional

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