Consultas regulares com mastologista são imprescindíveis a todas as mulheres

No acompanhamento de rotina, médicos pedem exames e levantam o histórico familiar das pacientes, em busca da mutação genética e de outros fatores que podem causar câncer

por Junia Oliveira 26/05/2013 07:32

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Beto Novaes/EM/D.A Press
O mastologista João Henrique Penna ressalta a necessidade de as mulheres não se descuidarem da prevenção (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
  Retirar a mama é o último estágio de um processo que começa no consultório do mastologista. Independe de fazer parte de um grupo de risco, ter uma mutação genética ou, simplesmente, querer se prevenir, consultas regulares são imprescindíveis a todas as mulheres. O presidente da Regional Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), João Henrique Penna Reis, ressalta que no atendimento de rotina os médicos têm por hábito fazer o levantamento do histórico familiar e das pessoas com a maior probabilidade de ter a doença – candidatas a fazer exames para verificar a existência de uma mutação genética, fator que pode levar à retirada das mamas antes mesmo de a doença se manifestar.

A consulta com um mastologista foi decisiva para a aposentada Rosilene Diniz Greco, de 44 anos, descobrir o câncer na mama esquerda em 2000. Aos 32 anos, ela notou um nódulo, e depois de vários tratamentos sem sucesso com uma ginecologista e de um ultrassom que nada revelou, procurou outro especialista. Uma punção e uma biópsia deram o diagnóstico para o qual ela não estava preparada. Foram quatro meses de quimioterapia até a retirada da mama e dos gânglios contaminados. “É muito dolorido retirar qualquer parte do corpo, tem que fazer uma coisa dessa precisando muito. Ao mesmo tempo, esse quadro é muito pequeno diante da situação que você tem de enfrentar”, conta.

Hoje, Rosilene orienta as sobrinhas, na faixa etária dos 20 anos, a se consultar regularmente e fazer os exames, pelo fato de ela ter tido a doença precocemente. Ainda em tratamento contra o câncer, que atingiu outros órgãos, ela indica: “O melhor é seguir as orientações do médico e se cuidar, fazendo sempre os exames”.

Para mulheres com mais de 40 anos, são indicadas a mamografia e ultrassonografias uma vez por ano. O autoexame é contraindicado. “Ele não reduz a mortalidade por câncer de mama. Já a mamografia permite um diagnóstico precoce. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) identificou há alguns anos que o autoexame estava servindo no Brasil para desestimular a mulher a fazer a mamografia”, relata o médico João Henrique. A SBM crê que apenas 30% das brasileiras estejam fazendo esse exame de forma correta e sistemática – números que divergem dos doMinistério da Saúde, que trabalha com um índice de 70%.

 

 

 

NA INTERNET
Para aumentar a cobertura, a SBM lançou um projeto por meio do qual será possível monitorar, via smartphone, se a paciente fez a mamografia. O aplicativo está sendo divulgado também entre os mastologistas e ginecologistas, que terão a missão de incentivar as pacientes a se cadastrarem diretamente no site (www.liferank.com.br) ou fazê-lo via consultório. A ideia, segundo João Henrique Reis, é criar um contato direto da SBM com as mulheres, informando o que elas devem fazer.

Homens e mulheres podem se cadastrar. A plataforma vai avisar sobre consultas e exames pertinentes a cada faixa etária e cobrar atividades físicas (de acordo com a frequência de exercícios informados, o sistema vai perguntar ao paciente se aquilo foi cumprido), responsáveis por reduzir em até 30% o risco de câncer.

A próxima etapa será a criação de um ranking. A pessoa será monitorada no aspecto de consultas e exames e também nos exercícios físicos. A partir daí, serão dadas notas, para ela se comparar a outras pessoas e ser provocada a correr atrás. Tudo é confidencial, e por isso, o paciente verá o ranking, mas os participantes não serão identificados. “O objetivo é gerir e provocar a cultura de hábito. Ela tem potencial de reduzir essas doenças sem exame sofisticado ou remédio, e ajudando as pessoas a fazerem o que já deveria estar em prática, mas que a maioria não faz: alimentação saudável e atividade física”, afirma o presidente da SBM. O aplicativo já está disponível para as versões Android e, em breve, para IPhone.

Memória
Um ato de coragem

A atriz Angelina Jolie, de 37 anos, revelou ter se submetido a uma dupla mastectomia preventiva para reduzir o risco elevado de câncer. No artigo Minha escolha médica, publicado no jornal The New York Times, ela explicou que decidiu passar pela operação de retirada dos dois seios porque tem a mutação genética BRCA1, que representava 87% de chance de ela desenvolver um câncer de mama e 50% de ter um câncer de ovário. “Uma vez que eu sabia que esta era a minha realidade, decidi ser proativa para minimizar o risco tanto quanto eu poderia”, escreveu. Angelina contou que entre o início de fevereiro e o fim de abril concluiu três meses de procedimentos cirúrgicos para a remoção das duas mamas. Ela disse que tomou a decisão pensando em seus seis filhos, depois de ver a mãe, a atriz Marcheline Bertrand, morrer de câncer ainda jovem. “Minha mãe lutou contra o câncer por quase uma década e morreu aos 56 anos. Ela resistiu tempo suficiente para conhecer os primeiros netos e segurá-los nos braços. Mas meus outros filhos nunca terão a chance de conhecê-la”. A atriz revelou que decidiu escrever sobre o que ocorreu na expectativa de ajudar outras mulheres. “A decisão de passar por uma mastectomia não é fácil. Mas é uma decisão e eu estou muito feliz por tê-la tomado. Minhas chances de desenvolver câncer de mama caíram de 87% para 5%. Posso dizer aos meus filhos que eles não precisam temer que me perderão para o câncer de mama”.