Feriado terá três festivais de música, em BH e Tiradentes

Música Mundo será no vários espaços no Centro, Musimagem no CCBB e Artes Vertentes na cidade histórica. Programação tem início quinta (6)

por Márcia Maria Cruz 05/09/2018 08:52
Rafael Passos/Divulgação
Banda Cabruêra toca no Sesc Palladium (foto: Rafael Passos/Divulgação)

A música promove o encontro de artistas dos quatro cantos do mundo e, ao mesmo tempo, dialoga com diferentes artes. Em torno dos acordes serão realizados o Música Mundo, o Festival Musimagem e Festival das Artes das Vertentes, todos com programação que começa nesta quinta (6).

O Festival Musimagem será realizado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB BH) até domingo. O evento homenageará o multiartista Sérgio Ricardo, com o Prêmio Remo Usai, no sábado (8). Na programação, compositores de renome internacional, como o norte-americano Bruce Broughton, que foi indicado 24 vezes ao Emmy e ganhou 10. Ele participa de palestra, no domingo (9), às 19h30.

Broughton compôs trilhas dos filmes Silverado (1985), Tombstone (1993), Bambi 2 (2006), O enigma da pirâmide (1985), Perdidos no espaço (1998), Moonwalker (1988), entre outras. Também compôs para a televisão para as séries The Orville, JAG e Tiny toon adventures, produzida por Steven Spielberg. “O festival de compositores para imagem nasceu da ideia de nós nos juntarmos. Às vezes, parece que os compositores para imagem são seres solitários, dentro do estúdio produzindo e pensando”, diz José Neto, presidente da Associação Brasileira de Compositores de Música para Audiovisual (Musimagem Brasil).

Ele ressalta que o Musimagem tem o propósito de estreitar o convívio dos cerca de 50 compositores em todo o Brasil, que são responsáveis pela produção de cerca de 80% das trilhas para o audiovisual, de novelas a longas-metragens. “Quando fazemos trilha, não compomos para demanda pessoal. É um pedido de terceiros. Os diretores, ao nos solicitar as composições, têm expectativa”, afirma.

Na programação, a compositora de trilha sonora e produtora musical Vivian Aguiar-Buff apresentará peça para cordas e pianos. A trilha foi composta para o filme Não se aceitam devoluções, estrelado pelo ator Leandro Hassum. “A trilha é bem melancólica. O filme é a história de uma menina abandonada pela mãe, criada pelo pai. Depois de anos, a mãe entra em contato, quer tirar a filha do pai na Justiça. A trilha traduz o não dito do texto, relembrando momentos felizes dos dois.” Como ela faz parte dos 3% de mulheres compositoras de trilhas, Vivian participa de painel que discute a participação feminina nesse ramo.

A artista se apresenta no sábado com Monique Aragão, Rodrigo Domingos, Walther Neto, Rafael Vicole e Gilson Peranzzetta. Sérgio Ricardo encerrará a noite apresentando trechos de seu último show Cinema na música, com seus filhos Marina Lutfi e João Gurgel.

PRODUÇÃO Em sua quarta edição, o Música Mundo promove o encontro entre os músicos e produtores de festivais de todo o mundo. Para este evento foram convidados os programadores dos festivais Roskilde (Dinamarca), Psicodália (Santa Catarina), Rec Beat (Recife), Womad (Chile) e Sunfest (Canadá). “O Música Mundo é uma feira internacional. Nosso objetivo é promover o intercâmbio de produtores e programadores internacionais com os artistas”, afirma João Pires, um dos cofundadores do festival.

A abertura será nesta quinta (6), com show da banda paraibana Cabruêra, que terá como convidadas a mineira Maíra Baldaia e a pernambucana Alessandra Leão. Ainda na programação, as mineiras Nath Rodrigues e Josi Lopes; Dos Changos, da Argentina; Naked, da Sérvia; e Namgar, da Sibéria.

Durante os quatro dias, serão realizadas rodadas de negócio em que os artistas apresentam os respectivos trabalhos. Juntamente aos negócios, o público assistirá a 30 minutos de cada artista no formato showcases. “Os artistas mostram para os produtores como é o show ao vivo”, pontua João Pires. São 21 apresentações com artistas de Belo Horizonte, Bahia, Curitiba, Brasília, São Paulo, Sibéria, Coreia do Sul e Sérvia. “A produção musical feita aqui é muito forte, muito diversa, mas, muitas vezes, não escoa. Vamos trazer esse mercado para Minas”, afirma.

 

Festival Artes Vertentes/Divulgação
Fotógrafo russo Serguei Maksimishin vai estar em Tiradentes (foto: Festival Artes Vertentes/Divulgação)
 TIRADENTES Em sua sétima edição, o Festival Artes Vertentes faz homenagem aos 300 anos da cidade de Tiradentes, fundada em 1718. A programação conta com atrações da música, literatura, artes cênicas, cinema e artes visuais. Os concertos de música clássica serão realizados na Igreja São João Evangelista e em prédios históricos. “Estamos propondo reflexão sobre o espaço urbano, a construção e desconstrução da cidade. A gentrificação presente em todas as grandes metrópoles e também em Tiradentes”, afirma o diretor  artístico Luiz Gustavo Carvalho sobre a curadoria. “Os artistas convidados trabalham com esse tema nas respectivas linguagens.”


O festival pretende envolver toda a comunidade. No trabalho Constelações, o artista capixaba Hilal Sami Hilal convida os moradores para participar. “Temos a metamorfose da memória individual em memória coletiva”, diz Luiz Gustavo. A proposta é criar grande manto com a imagem da Serra de São José. “O festival realizou ação cultural com crianças ao longo de todo o ano. Elas são as embaixadoras do projeto. As crianças podem motivar os responsáveis e toda a comunidade”, diz. As pessoas sugerem nomes de pessoas que foram importantes para elas que vão compor o desenho. “O manto é feito com técnica japonesa à base de algodão. A fibra de algodão é desfeita para fazer uma pasta utilizada para escrever o nome de pessoas importantes na vida dela”, afirma. Com cores predeterminadas pelo artista, a obra tem 3m de altura e 11m de largura. “O conjunto de nomes serão transformados na Serra.”

Luiz Gustavo lembra o quão oportuno é discutir a conservação patrimônio arquitetônico depois da tragédia que consumiu em chamas o Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Para ele, a memória coletiva é um dos maiores patrimônios de uma sociedade. Luiz Gustavo lembra que Tiradentes passou por distintos momentos no que se refere à preservação. Em decorrência do empobrecimento da cidade, muitos moradores partiram em busca de oportunidade. Anos depois, a cidade recebeu holofotes ao abrigar diferentes festivais, como o de cinema e gastronomia. “A midiatização traz a valorização do Centro Histórico. Tiradentes se torna cartão-postal. No entanto, tudo fica muito caro, levando à gentrificação”, afirma.

Outra atração do festival, a artista Mac Adams apresenta obra que reflete sobre esse processo de expulsão das pessoas dos espaços em decorrência da especulação imobiliária. “A artista apresenta a gentrificação como processo responsável pela perda da memória e não só a expulsão física da população pobre. A arte pode ter papel muito importante ao apresentar essa questão”, destaca.

Música Mundo 
Abertura com show de Cabruêra, que convida Maíra Baldaia e Alessandra Leão. Quinta (6), às 21h. Grande Teatro do Sesc Palladium. Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$10 (meia). Informações: www.musicamundo.com.br. 

Festival Musimagem
Abertura quinta (6), às 19h, com vídeo mapping na fachada do CCBB. Praça da Liberdade, 450, Funcionários.  Entrada franca. Informações: www.festival.musimagembrasil.com.

Festival Artes Vertentes 

Abertura quinta (6), com apresentação do Coral VivaVoz. Auditório Centro Cultural Sesiminas Yves Alves (Rua Direita, 168, Centro, Tiradentes). Programação completa em www.artesvertentes.com. 

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