Marisa, Arnaldo e Brown falam sobre show dos Tribalistas em BH

Trio, que toca sexta (7) na Esplanada do Mineirão, diz que reencontro foi afirmação da 'doçura' e do 'prazer familiar' de fazer música e que união com plateia marca turnê

por Mariana Peixoto 05/09/2018 08:29

LEO AVERSA/DIVULGAÇÃO
(foto: LEO AVERSA/DIVULGAÇÃO)
Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown têm 56 músicas juntos – 23 delas foram gravadas nos dois álbuns dos Tribalistas (2002 e 2017). O universo de canções aumenta quando contabilizadas as parcerias entre apenas dois dos três cantores e compositores.


“Quando a gente fez o primeiro disco, já era parceiro há 10 anos. Então estamos falando de uma perspectiva de tempo de quase 25 anos. Nosso trabalho vai muito além dos discos juntos e acredito que isso floresça bem para o público no show”, diz Marisa.

Um ano após o lançamento do segundo disco, os Tribalistas chegam a Belo Horizonte para apresentar o show de sua primeira turnê. A apresentação na Esplanada do Mineirão nesta sexta (7) seria a última (e décima) do braço brasileiro da turnê, iniciada em 28 de julho, em Salvador. Mas haverá um show extra, daqui a um mês, no Rio, antes da parte internacional, com 11 apresentações, entre outubro e novembro, em Portugal, Espanha, Alemanha, Suíça, Inglaterra, Bélgica e Itália.

O repertório (confira abaixo) dá mostras de quão prolífica é a parceria. São 28 canções (30 se contadas Velha infância e Tribalistas, que voltam no bis) que buscam construir um retrato do trabalho conjunto. “Este show é a celebração de uma expectativa antiga do público e também nossa. E ele vir neste momento, de dificuldade econômica e política, com uma mensagem de união, de que somos um só, mostra que acreditamos em um certo otimismo, em um Brasil mais amoroso”, diz Arnaldo.

Os Tribalistas de 2002 queriam namorar, beijar de língua e sonhar. Quinze anos depois, atravessam o Mar Egeu, cheio de fariseus, como os cubanos, sírios e ciganos. “Não temos o objetivo de ser cronistas de uma época. As músicas são um reflexo de temáticas atuais, questões que processamos. Não decidimos falar dos refugiados, mas, sim, colocamos (em música) uma questão viva dentro da gente”, afirma Arnaldo.

É fato que o álbum de estreia teve uma repercussão estrondosa. Puxado por Velha infância e Já sei namorar, canções que viraram mania nacional, o disco vendeu 3,5 milhões de cópias – no Brasil e no mundo. O trabalho de 2017, que reúne uma dezena de músicas, está longe de ser unanimidade.

“É claro que a gente tem consciência do poder do sucesso do primeiro disco. Mas o show tem nos surpreendido, pois vemos músicas novas (Diáspora, Lutar e vencer) inteiramente cantadas pelo público”, comenta Arnaldo. “A comunicação com o público se mede mais pela venda de discos. Com o consumo digital, a métrica fica mais difícil. Mas ao vivo é que temos visto como as músicas estão chegando até as pessoas”, diz Marisa.

O álbum foi lançado em agosto de 2017. A turnê começou a ser planejada há seis meses. Os três assinam o show, que tem direção geral de Leonardo Netto, empresário de Marisa. No palco, o trio é acompanhado por Dadi Carvalho (baixo, guitarra e teclados; gravou também o primeiro disco), Pedro Baby (violão e guitarra), Pretinho da Serrinha (cavaquinho) e Marcelo Costa (bateria).

ROTEIRO DE FILME  Como cada um mora em uma capital – Marisa no Rio, Arnaldo em São Paulo e Brown em Salvador – e somente um mês e meio antes da estreia os três se reuniram. “O pensamento dos três está no repertório. Fizemos como o roteiro de um filme. Buscamos muita coisa nos nossos próprios arquivos para que tudo remetesse a uma história comum”, comenta a cantora.

O diretor de arte Batman Zavareze (que trabalhou no show mais recente de Marisa, Verdade, uma ilusão) uniu música, arte e tecnologia para a construção da cenografia. Cada música ganhou sua própria projeção – uma delas é a pintura feita pelo cearense Júlio Santos, mestre na aplicação de tintas em imagens antigas, sobre retratos do trio na adolescência.

Sempre em grandes espaços, os shows vêm tendo público contado aos milhares – a maior plateia foi no Allianz Parque, em São Paulo, com 45 mil pessoas. A pergunta, diante do fim da turnê brasileira, é inevitável. Tribalistas, no palco, só daqui a 15 anos? “Pode ser que venha a oportunidade de outros shows. A gente gostaria, mas cada um (dos três) tem sua própria agenda. O que sei é que a gente não vai ficar dois anos rodando com esse show. Aproveitamos essa janela que tínhamos. Agora, a parceria não acaba porque acabou a turnê”, diz Marisa.

Brown arremata a questão falando sobre a filosofia “tribalista”. “Estamos num contexto de movimento, como foram o Tropicalismo, os Doces Bárbaros, os Mutantes, o Clube da Esquina e tantos outros. Essa doçura, esse prazer familiar de fazer música, todos sentem isso. Por mais que sejamos nós três no palco, cantamos em uníssono com a plateia. E todo mundo é dono disto.” Ou como dizem os versos de Lutar e vencer, “venha logo, não demore/estamos esperando você.”


Veja vídeo de Aliança no show dos Tribalistas em Salvador 



Para cantar junto

Confira o set list do show dos Tribalistas

1 – Tribalistas

2 – Carnavália

3 – Um só (com Brás Antunes)

4 – Vilarejo (com Pedro Baby)

5 – Anjo da guarda

6 – Fora da memória (com Pedro Baby e Pretinho da Serrinha)

7 – Diáspora

8 – Água também é mar

9 – Um a um

10 – Ânima

11 – Velha infância (com Davi Moraes e Pedro Baby)

12 – É você

13 – Carnalismo (com Cezar Mendes)

14 – Aliança (com Pedro Baby e Pretinho da Serrinha)

15 – Até parece (com Dadi Carvalho)

16 – Não é fácil

17 – Sem você (Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown)

18 – Lá de longe

19 – Lutar e vencer

20 – Universo ao meu redor

21 – Infinito particular

22 – Paradeiro

23 – Consumado

24 – Amor I love you (Carlinhos Brown e Marisa Monte)

25 – Depois

26 – Trabalivre (com Carminho)

27 – Passe em casa (com Margareth Menezes)

28 – Já sei namorar

29 – Velha infância (com David Moraes e Pedro Baby)

30 – Tribalistas



*  Todas as músicas, à exceção de Sem você e Amor I love you, são de Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown e seus parceiros (quando indicados)


TRIBALISTAS
Show sexta-feira (7), às 21h, na Esplanada do Mineirão, Avenida Antônio Abraão Caram, 1.001, Pampulha. Abertura dos portões: 18h. Ingressos: Pista – 2º lote: R$ 160 e R$ 80 (meia); Pista premium – 2º lote: R$ 250 e R$ 125 (meia); Camarote – R$ 300; Camarote premium (open bar e open food) – R$ 400. À venda no www.eventim.com.br

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