Sucesso da temporada: saiba onde beber bons drinks à base de gim em BH

Considerado elegante, o destilado entra na moda e ganha a atenção de bares, mixologistas e fabricantes

por Ana Clara Brant 16/02/2018 09:08

Tulio Santos/EM/D.A.Press
O bar Gilboa prepara drinques especiais com gim, como o Ginboa, o Ginbomb e o Negroni. (foto: Tulio Santos/EM/D.A.Press )

Elizabeth Bowes (1900-2002), a rainha-mãe do trono britânico, viveu quase 102 anos. Avó do príncipe Charles, bisavó de William e Harry e mãe da atual soberana da Inglaterra, Elizabeth II, Sua Alteza tinha um segredo de longevidade, segundo seus biógrafos: ela tomava uma garrafa de gim diariamente.

A filha não nega o sangue. A monarca de 91 anos bebe quatro drinques por dia. De acordo com uma reportagem do jornal inglês The Independent, Elizabeth bebe gim e o aperitivo Dubonnet (à base de vinho) com uma fatia de limão e muito gelo antes do almoço. Durante a refeição, a rainha opta pelo vinho e depois, saboreia um martini seco. À noite, ela toma uma taça de champanhe. Mas a predileção da rainha parece ser mesmo o gim,  bebida originária da Holanda do século 17, mas que adquiriu sua forma atual na Inglaterra.

Tachada no passado como uma bebida maldita e até associada ao alcoolismo, já que não deixa cheiro, o gim deu a volta por cima e ganhou espaço inclusive em novela da Globo. Beth/Duda, personagem de Gloria Pires em O outro lado do Paraíso, a atual trama das nove da emissora carioca, é fã da bebida, sobretudo, em sua mistura mais clássica, o gim tônica.

“Essa retomada do gim começou há uns cinco, seis anos na Europa, sobretudo na Espanha. Os chefs catalães, como Ferran Adrià, começaram essa onda de inovar com drinques diferentes, assim como fizeram com a gastronomia. E aí se espalhou pelo mundo”, diz o publicitário mineiro Erico de Angelis, que, ao lado do paulista Fernando Aviles, criou a The Gin Flavors, plataforma on-line que comercializa gins e tônicas de várias marcas, taças próprias para o drinque, kits, botânicos (ingredientes), como cardamomo, anis-estrelado e pequi, além de guia de receitas. “A ideia do nosso negócio é fazer com que as pessoas entendam, conheçam e saibam escolher o melhor gim, assim como manusear as especiarias. É muito mais do que degustar uma bebida. Tem todo um conceito por trás”, afirma.

No Brasil, essa moda chegou há aproximadamente dois anos, primeiramente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Mas os bares e restaurantes de Belo Horizonte também acabaram se rendendo ao gim. “Tem toda essa questão de que é moda na Europa, então é legal seguir. Sem contar que o gim é uma bebida extremamente refrescante e tem tudo a ver com o nosso clima. Assim como teve a moda do vinho, espumante e da cerveja, agora é a vez do gim”, aposta Erico.

Um dos parceiros da The Gin Flavors em BH é a Healthy Joe, em Lourdes. Seguindo o lema de uma vida mais saudável (a casa fica ao lado de uma academia especializada em ciclismo indoor), oferece comidas mais leves e drinques menos calóricos. Aliás, o gim é das bebidas mais fitness (30ml correspondem a 60 calorias). “Talvez isso explique o sucesso que ele vem fazendo, principalmente entre as mulheres. Para quem é adepto de atividade física e quer apenas tomar um, dois drinques ele é ótimo. Muita gente sai da academia e vem para cá fazer um happy hour”, comenta Tiago Moraes, sócio-proprietário do Healthy Joe.

DRINQUES Por enquanto, o espaço – que tem uma varanda bem convidativa – só abre às quintas. Em breve, deverá ter uma noite dedicada inteiramente ao gim. Os drinques têm preços que variam entre R$ 20 e R$ 35. Os mais pedidos levam ingredientes como pimenta rosa, mirtilo, gengibre, além dos cítricos, que combinam bastante com a bebida, como tangerina e limão.

Outros dois bares que têm funcionado somente às quintas-feiras e adotaram o gim como carro-chefe são o Raro Skybar, que fica no último andar do Othon Palace Hotel, e o James Gin & Jazz, no Bairro Estoril. Rodolfo Brito, DJ e um dos organizadores das noites do Raro, diz que o gim é a bebida mais vendida por ali. Os drinques vão de R$ 19 a R$ 35. “Acredito que o gim se fortaleceu no mercado recentemente por ser associado a uma pegada mais ‘fit’. Além de uma grande gama de drinques que ele permite preparar. Particularmente, ainda acho que ele não dá uma ressaca como a da vodca, por exemplo, e isso acaba atraindo muita gente.”
Tulio Santos/EM/D.A.Press
Norah (com morango, suco de limão, gengibre e licor) e James, que leva suco de maçã, suco de abacaxi, limão e sumo de tangerina, são opções de drinques com gim no James Gin & Jazz. (foto: Tulio Santos/EM/D.A.Press )

O responsável pelo menu de drinques do Skybar é o mixologista Filipe Brasil. Ele atribui a moda do gim – que tem como base cereais e posteriormente passa por um processo de infusão com zimbro (baga que nasce em um tipo de pinheiro do hemisfério norte), além de outras especiarias – também à ação de marketing das marcas. “Além dos drinques clássicos, como o gim tônica e o dry martini, têm surgido outros bem interessantes. Por ser uma bebida muito aromática e perfumada, nem todos os ingredientes vão combinar. Mas frutas cítricas, extratos de flores, algumas ervas que têm picância, ingredientes refrescantes como pepino e gengibre, permitem à gente criar sabores bem instigantes”, diz.

Já o James Gin & Jazz, como o próprio nome sugere, mirou na combinação do gim com o jazz. “A gente tem funcionado só nas noites de quinta, porque ela é a nova sexta. Decidimos trazer um pouco de requinte, uma coisa mais elegante e focar num público a partir dos 30, 35 anos. É uma tendência que veio de fora”, afirma um dos sócios do bar, Bernardo Babo. Além do clássico gim tônica, uma opção é o drinque da casa, James, que leva gim, suco de maçã, suco de abacaxi, limão e sumo de tangerina. Outra alternativa é o Norah, com morango, suco de limão, gengibre e licor. Os dois custam R$ 25 cada um.

NOVA GERAÇÃO O Savá Pub & Café, no coração da Savassi, também tem apostado no gim. Eduardo Biagioni, que também é proprietário do italiano La Traviata, diz que até em restaurantes a bebida tem feito sucesso. “As pessoas sempre procuram coisas diferentes e vira e mexe surge um modismo. O gim foi muito consumido no passado, por uma outra geração, e agora está sendo descoberto pelos mais jovens. Ainda mais no verão, muita gente está trocando as tradicionais caipivodcas e caipirinhas por drinques com ele”, diz.

Entre os destaques da casa está o Tea & Tonic, com frutas vermelhas (R$ 19), e também o que leva laranja e morango (R$ 19). “Tem gente que está pedindo uma nova versão do gim tônica. Em vez das rodelas de limão, coloca pepino”, conta.

Caetano Sobrinho, chef e sócio do Caê, estabelecimento recém-inaugurado no Carmo, diz que o fato de o gim estar em alta se deve à força da coquetelaria. “Os coquetéis, de uma maneira geral, estão super em voga. O próximo deve ser o rum. O gim está na crista da onda, porque é uma bebida versátil, muito fácil de harmonizar e se tornou até chique. Mas tem que ter cuidado, porque a porcentagem de álcool é grande. Cachaça não é água, e gim também não é”, adverte. Entre os drinques mais pedidos na casa estão o Moema, que leva gim, chá mate, suco de limão e abacaxi (R$ 25), o gim tônica com limão-capeta (R$ 22) e uma variação do famoso Cosmopolitan, o Ginpolitan, com gim, suco de cranberry, morango e o licor triple sec (R$ 25).
Kellen Pavão/Divulgação
O Savá Cafe & Pub acrescenta chá ao tradicional gim tônica no Tea & Tonic. (foto: Kellen Pavão/Divulgação)

Desde que foi inaugurado, em 2014, o Gilboa, no Anchieta, já oferecia drinques à base de gim. Mas a volta à moda da bebida fez com que os barmans da casa, Uanderson Fernandes e Tiago Santos, desenvolvessem novas criações. O Ginboa leva gim, suco de abacaxi, tônica e xarope rosa, enquanto que o Gilmule mescla suco de limão, xarope de pepino, refrigerante e espuma de gengibre. O clássico Negroni (gim, vermute rosso e Campari,  enfeitado com casca de laranja) também tem saída. Os drinques custam em média R$ 25. “Morei na Irlanda há uns seis anos e, naquela época, havia um movimento forte do gim. Demorou um pouco para chegar ao Brasil, mas ele veio com tudo. Hoje é difícil encontrar um bar em BH que não tenha gim, seja ele puro ou em drinque”, observa um dos sócios do Gilboa, André Sassen Panerai.

Receita mineira
Na Casa Cor do ano passado, um dos ambientes que mais fizeram sucesso foi o Ginger Bar, estabelecimento que foi  o primeiro da capital a servir bebidas feitas exclusivamente de gim. Um dos responsáveis pelo espaço foi o empresário André Sá Fortes. Ao lado de sócios ingleses e de um mixologista de São Paulo, eles abriram recentemente a YVY, destilaria especializada na fabricação de gim que funciona no Jardim Canadá, em Nova Lima. Em tupi-guarani, a palavra significa território, o chão que pisamos. “Fui dono de bar durante um tempo e percebi uma receptividade bem grande não só ao gim, como a vários destilados. E havia uma demanda por produtos de qualidade. Inicialmente, a gente está produzindo apenas gim, mas a ideia é fazer outros destilados”, afirma. Os planos do empresário incluem a abertura de um bar ao lado da fábrica ao estilo do Ginger.

ONDE SABOREAR


» CAÊ
Rua Outono, 314, Carmo. (31) 2528-2244. Funciona de terça a sexta-feira, das 18h à meia-noite; sábado, das 12h à meia-noite; e domingo, das 12h às 17h.

» GILBOA
Rua Pium-í, 772, Carmo. (31) 3646-2433. Funciona de quarta a domingo, a partir das 19h; sábado, das 14h às 2h.

» HEALTHY JOE
Rua Alvarenga Peixoto, 655, (31) 98606-0014. Funciona quinta-feira, das 17h à meia-noite. Entrada franca, mas é necessário retirar convite pelo Sympla (www.sympla.com.br)

» JAMES GIN & JAZZ
Rua Wilson Rocha Lima, 25, Estoril. (31) 99719-7784). Funciona quinta-feira, das 19h às 4h.

» RARO SKY - BAR RARO DO OTHON PALACE
Avenida Afonso Pena, 1.050, 25º andar, Centro, (31) 2126-0000. Funciona quinta-feira, das 19h à 1h.

» SAVÁ CAFÉ & PUB
Avenida Cristóvão Colombo, 282, Savassi, (31) 3261-6392. Funciona de terça a sexta-feira, das 17h às 23h45; sábado, das 18h às 23h45; e domingo, das 18 às 23h.

 

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