Marco Pigossi relata o medo de um 'galã da TV Globo' se assumir gay

Em entrevista à revista Piauí, ator abre o coração e fala sobre trajetória para assumir sua orientação sexual

Reprodução/Instagram
Marco Pigossi (foto: Reprodução/Instagram)

O ator  Marco Pigossi , de 32 anos, deu um longo depoimento à revista Piauí, no qual relatou a dificuladade de assumir sua orientação sexual, desde a adolescência em São Paulo até a vida adulta como galã da TV Globo. 

 

Durante a entrevista, o famoso também falou sobre os medos desde pequeno: "Na minha pré-adolescência, lembro que nunca tive um amigo, um vizinho, um primo ou um tio homossexual, pelo menos assumidamente. Nenhum gay frequentava a casa dos meus pais, em São Paulo. Então, quando comecei a perceber minha orientação, achei ou quis achar, na verdade, que se tratava de algo passageiro", disse Pigossi.

 

"Eu não tinha referência alguma no meu convívio e, quando assistia à televisão, nada servia como alento. Nas novelas ou nos programas de humor, quase sempre os gays eram retratados de forma caricata, pejorativa. Então, me sentindo solitário e sem amparo, me restava torcer para que fosse apenas uma fase", contou Pigossi, que decidiu estudar teatro por ser uma "rota de fuga" e um espaço na qual pudesse ser o que ele quisesse. 

 

Ele ainda depois se viu freado a assumir o que sentia por conta da fama: "Depois de interpretar alguns personagens secundários na TV Globo, consegui finalmente um papel de destaque em Caras & Bocas, do Walcyr Carrasco. A novela foi ao ar em 2009, e meu personagem, o Cássio, era um gay afeminado que falava o bordão 'fiquei rosa chiclete', como sinônimo de 'estou passado'". 

A frase caiu no gosto do público. O personagem e a própria novela fizeram um tremendo sucesso. Na minha cabeça, não havia nenhuma margem de chance para eu me assumir. Se fizesse isso, todas as portas se fechariam para mim de forma automática

Marco Pigossi


Relacionamentos Pós-fama

Em meio à entrevista, Marco Pigossi desabafou sobre os relacionamentos que teve e acabou escondendo: "Nos meus doze anos de vida pública, mantive um relacionamento com um homem que durou oito anos. Vivíamos juntos no mesmo apartamento. Hoje, olhando esse passado, me dou conta de que vivi situações absurdas".

 

 

"Em passeios nos shoppings, por exemplo, sempre que eu encontrava um conhecido por acaso, meu namorado automaticamente seguia andando para me proteger, como se eu estivesse sozinho. Ele via o tamanho do meu desespero", continuou ele. 

 

"A paranoia fazia com que uma simples ida ao cinema com meu companheiro, algo trivial na rotina de um casal, fosse precedida de muita angústia. Eu pedia para amigos irem conosco, só para evitar que eu fosse visto sozinho na companhia de outro homem. Era um conflito interno constante: eu não podia deixar o medo me vencer, eu tinha que ir ao cinema, mas, ao mesmo tempo, sentia um pânico de ser descoberto gay", afirmou.

Atual relacionamento

Por fim na entrevista, Marco Pigossi contou como ele e  Marco Calvani  se conheceram e passaram a namorar: "Tudo isso aconteceu depois de Provincetown, onde ocorreu outro encontro: ali, conheci o Marco Calvani, o cineasta italiano por quem me apaixonei. Estamos juntos há um ano e meio. Foi Marco que, no feriado norte-americano de Ação de Graças, postou uma foto nossa de mãos dadas. Ele me avisou antes. Eu topei, mas senti uma certa apreensão. Qual seria a reação das pessoas?"

 

"Ele postou, e ficamos esperando. Começaram a pipocar alguns comentários na rede. Então, decidi repostar a foto com um stories na minha própria rede. Escrevi ‘choca zero pessoas’ para tirar onda com os comentários do tipo ‘ah, mas eu já sabia’. Postei e fiquei com um frio na barriga. Logo comecei a receber muitas, muitas mensagens de amigos, de colegas de trabalho, de fãs", declarou.