Apoio é fundamental para mulheres lutando contra o câncer de mama

Apoio familiar, de amigos e de especialistas é fundamental para o tratamento. Doença que representa 27,9% dos casos de neoplasias em mulheres.

por Carolina Cotta 07/10/2013 13:00

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CB/DA Press
(foto: CB/DA Press)
De um lado, o toque, a dúvida, a angústia. Do outro, a confirmação, a dor, a perda. A descoberta de um câncer vem pautada no medo: teme-se o tratamento, a recuperação e, sim, a morte. A queda do cabelo, a retirada da mama, ou parte dela, parecem disseminar o sofrimento. Um estremecer da feminilidade pode chegar em segundo plano. Antes dele, toda a luta é para se livrar da doença.

O câncer de mama representa 27,9% dos casos de neoplasias em mulheres, segundo dados da última estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca). É o de maior incidência, disparado. O Outubro Rosa, temporada de conscientização sobre a prevenção e detecção precoce do câncer de mama, vem também provocar a reflexão: o acesso ao tratamento é um deles.

A descoberta inicial está intimamente ligada ao potencial de cura da doença. Nem todas as mulheres, entretanto, têm essa sorte e, principalmente, essa oportunidade. Nem todas recebem o apoio que se espera dos familiares, e do parceiro, principalmente. Nem todas são amparadas e podem contar com uma verdadeira amiga.

A produtora de vídeo Kátia Soares, de 38 anos, e a babá de sua filha, Vilma das Graças, de 47, tiveram esse apoio. Lado a lado, venceram a doença, mesmo com realidades tão distintas. Em 2009, quando já trabalhava para Kátia, Vilma percebeu um nódulo na mama. Passou um ano sem comentar, até que um dia Kátia a deixou à vontade para ir ao médico quando precisasse. Vilma aproveitou para contar.

Foi Kátia quem pegou o telefone e marcou todas as consultas. Vilma não tinha plano de saúde, fez o tratamento na rede pública. Depois de um ano afastada, temporada em que passou por quimioterapia, voltou ao trabalho para receber outra triste notícia: Kátia também estava com câncer de mama. “Desabei. Não queria que ela passasse pelo mesmo que eu”, lembra Vilma.

A triste coincidência as uniu ainda mais. Assim como Kátia cuidou de Vilma, era sua vez de retribuir. A babá cuidava de Maria Alice, hoje com 5 anos, enquanto a mãe enfrentava a doença. Mais do que isso, lhe dava apoio, fazia chazinhos, extrapolava a relação de funcionária e patroa. “Na verdade, somos duas amigas, não a vejo apenas como minha patroa.”

Curadas, as duas seguem a vida com novos planos. Kátia criou um blog (viverbemateocem.com) com dicas de saúde. Devoradora de informações sobre o câncer, está disposta a seguir o que preconizam as mais recentes pesquisas para evitar a reincidiva. “Minhas amigas me perguntam por que estou comendo tanta batata-doce. Minha ideia é ajudar outras pessoas a fazerem sua parte, cuidando da alimentação.”

CASOS PRECOCES
A história de Kátia e Vilma chama a atenção para outra triste realidade. O câncer de mama tem acometido mulheres cada vez mais jovens. Segundo o oncologista clínico Leandro Alves Ramos, apesar de a doença estar relacionada à idade, com grande incidência a partir dos 55 anos, o estilo de vida atual, com sedentarismo, alimentação irregular e pressão emocional, são alguns fatores relacionados.

A produtora de vídeo Katia Soares e a babá de sua filha, Vilma das Graças, tiveram câncer de mama e conseguiram vencer a doença
A ciência ainda não determinou o desencadeador da doença, mas sabe-se que amamentação, dieta saudável e exercícios físicos regulares são fatores protetores. A maior disseminação da mamografia, ainda não suficiente, tem contribuído para diagnósticos mais precoces e, consequentemente, com o potencial de cura da doença. “Hoje, conseguimos descobrir lesões bem pequenas, podendo preservar a mama.”

O autoexame é importante, mas apenas como um método de autoconhecimento. De forma alguma substitui a necessidade da mamografia regular, anualmente, após os 40 anos. Na rede pública, infelizmente, o processo é mais moroso. “Pode demorar de quatro a cinco meses para se conseguir um exame como esse pelo SUS. Muitas vezes, perde-se um tempo precioso”, alerta o especialista Leandro Alves Ramos, que atua na Oncomed e na rede pública.
A supervisora de escritório Edilaine Silva de Brito, de 43, não teve a mesma sorte que Vilma e Kátia, que não precisaram retirar a mama, apenas um quadrante. Apesar de ter plano de saúde, o diagnóstico de Edilaine demorou muito. Quando foi confirmado, ela já precisava tirar toda a mama e parte da estrutura da axila. Mas na semana passada terminou a quimioterapia e comemora a cura.

Perdeu o cabelo e a unha do pé. Teve uma necrose na pele com a colocação do primeiro implante, precisou fazer enxertos na segunda e em tudo isso reviveu a história da mãe, que faleceu de câncer de útero. Passou por uma transformação, mas agora está feliz. “O importante para mim é a cura. Quero agora voltar para minha vida normal.”

OUTUBRO ROSA
O movimento popular internacionalmente conhecido como Outubro Rosa é comemorado em todo o mundo desde a década de 1990, quando foi criado nos Estados Unidos. O nome remete à cor do laço rosa que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mama e estimula a participação da população, das empresas e entidades.