"Num jardim, renove a sua fé no zoroastrismo, Sim, no santuário dos magis, estes nos honram, Pelo fogo que nunca morre e se mantém forte, purificando nossos corações" - Hafez
Diz a lenda que os jardins suspensos da Babilônia, a sétima maravilha do mundo antigo, foram desenhados por ordem de Nabucodonossor II, que reinou entre 604 a.C. e 562 a.C., para presentear a esposa, Amitis da Média, que tinha saudades das montanhas Zagros, cordilheira que corta toda a extensão Oeste do planalto iraniano. Assim copiava o rei os exuberantes jardins influenciados pelos seguidores do zoroastrismo, experts na adequada seleção de árvores, ervas e plantas, verdadeira composição de luz, sombra, microclima e vegetação, onde se “cultivava” a saúde, refúgio espiritual e a cura. Eram os pairidaezas – palavra persa para jardim, da qual foi derivada a ideia de paraíso (Éden). Para Zarathustra (1768 a.C.-1691 a.C.), reverenciar a natureza corresponde a trabalhar a harmonia com a criação de Deus. Daí a sacralidade para essa religião dos quatro elementos: ar, terra, água e fogo.
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Desde a fundação de Pasárgada, o conceito original dos jardins persas encontrado na pesquisa arqueológica principalmente do Complexo de Palácios de Ciro, o Grande, se manteve inalterado por mais de dois mil anos. Além de combinar a tecnologia e manejo da água, arquitetura, conhecimentos da botânica e agricultura – de tal forma que sejam adaptados às condições climáticas adversas, os jardins têm proporções geométricas e são divididos em quatro seções (quadrantes) daí o nome Chahar (quatro) Bagh (Jardins), separados por trilha e cursos d’água, conectados por bacias intervalares que, além da função estética, irrigam e modificam o microclima do entorno. Frequentemente, os canais de água que cortavam jardins se conectavam aos espaços internos das edificações, sendo os ambientes externo e interno geralmente separados por elementos arquitetônicos, como arcos em formato de abóbodas.
Jardins inspiram poetas, que estão na base dos valores universais. Nas palavras de Hafez: “Você me perguntou se eu acho que os seus sonhos são verdadeiros. Diria que eles são, se fizerem de você mais humano, mais gentil com cada criatura e planta que você conhece”.