O domo em múltiplas tonalidades, com predominância do azul-turquesa e bege, insinua-se majestoso no horizonte, como se o planeta Terra fosse e em órbita estivesse. Brilha ao pôr do sol e, ao nascer do dia, a sua silhueta se delineia. Não tem minaretes.
Pelo arqueólogo Arthur Pope, a Mesquita Sheik Lotfollah, fincada diante do Palácio Ali Qapu, a leste da Praça Naqsh-e-Jahan, em Esfahan, foi assim descrita: “Dificilmente se pode acreditar que esse monumento tenha sido feito pelas mãos do homem”. O traçado é simples. Mas dos milhares de azulejos e do genial jogo de luzes e sombra nasce a impressionante obra de arte, numa explosão de cores e degradês.
Se essa passagem, à meia sombra, entrecortada por pequenos feixes, representa a busca do homem na Terra pelo divino, a transposição do último portal até o coração da mesquita equivale ao grande salto para o tempo da luz. Dezesseis janelas em formato de arco circundam o domo, que se eleva a 32 metros. Filtram por suas flores “vazadas” a iluminação externa, que também ganha vida em janelas maiores escavadas sobre a entrada e nos nichos destinados ao sheik. Tons de azul estão em prevalência sobre o plano quadrado, convertido em octógono por oito majestosos arcos, inclusive nos vértices, marcados por espirais turquesa, que tangenciam o domo. Mas é o dourado que, iluminado, se sobrepõe sobre todas as demais tonalidades no círculo formado sobre o teto, que brinca com a perspectiva da cauda de um pavão, em minúsculos desenhos que ganham tamanho à medida que se afastam de seu núcleo.
A capital do Irã foi transferida para Esfahan em 1596. E foi na grande Praça Naqsh-e-Jahan, Centro da cidade que pretendia representar e dar novo significado à “imagem do mundo”, que se levantou, sobre os escombros de templos de outras eras, a Mesquita Sheik Lotfollah. Encontrou assim, em sua antessala, os jardins da praça, que, ao estilo persa e em perfeita sintonia com sacralidade da natureza, são a representação da harmonia e do paraíso.
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