Apreensivos, repórteres e cinegrafistas pedem máscaras melhores

Jornalistas expostos no pico da pandemia arriscam a vida e se desdobram para evitar o contágio; o país é agora o epicentro global da tragédia da Covid-19

Reprodução/Globo/Record/Band/YouTube
Repórteres utilizam máscaras de proteção contra o Covid-19 (foto: Reprodução/Globo/Record/Band/YouTube )
O avanço descontrolado da pandemia do novo coronavírus tem assustado as redações de jornalismo das principais emissoras do país. O Brasil é, agora, o epicentro global, registrou um novo recorde com 2.798 mortes nas últimas 24 horas e totalizou nesta terça-feira (16/3) 282.400 óbitos. 
 
Deste modo, a média móvel de mortes no país nos últimos 7 dias chegou a 1.976. O Brasil contabilizou 11.609.601 casos desde o início da pandemia, de acordo com o balanço do consórcio de veículos de imprensa. Com a pandemia no nível em que está, jornalistas que gravam nas ruas se protegem como podem para evitar a contaminação pelo coronavírus.
O colunista Paulo Pacheco do Observatório da Tv entrou em contato com as seis principais TVs abertas (Tv Globo, Record Tv, Band, Cultura, SBT, Rede Tv!) para entender melhor como cada emissora está protegendo os seus funcionários durante as gravações em ambientes externos. 

Atualmente, colocar a máscara no rosto ao andar pelas ruas virou rotina para qualquer cidadão em todo mundo que precisa garantir alguma proteção, o uso da máscara tão necessária para o combate o novo coronavírus
 
No entanto, segundo a reportagem a maioria das emissoras não assegurou a distribuição do modelo (N95/PFF2) mais eficaz no combate à Covid-19. Utilizadas como acessório indispensável na proteção de profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate à pandemia, esse tipo de máscara consegue bloquear até 95% de partículas transportadas pelo ar, às tradicionais máscaras de pano consegue bloquear até 70%. 
Desde maio de 2020, segundo o jornalista Daniel Castro do Notícias da TV, o diretor-geral de jornalismo da Tv Globo, Ali Kamel instituiu um decreto que obriga a todos os seus repórteres a usarem máscaras, inclusive quando aparecerem diante da câmera, nas ruas, exceto quem grava da própria casa. 
 
A medida foi adotada por outras redes, de acordo, com Flávio Rico ex-colunista do UOL, os repórteres da Record TV também receberam a medida no ano passado pelo comando do departamento de Jornalismo, onde indica que os repórteres passem a usar máscara nas passagens e aos vivos da televisão para todas as praças próprias e afiliadas. 
Devido a evolução dos números de Covid-19 no país, Paulo Pacheco afirma que o temor aumentou nos departamentos de jornalismo, inclusive repórteres da Globo pediram à chefia de jornalismo o fornecimento de máscaras (N95/PFF2). 
 
Conforme a publicação, um repórter da Tv Globo que não se identificou, diz ter comprado máscara (N95/PFF2) por conta própria para se proteger e não levar o coronavírus para a sua casa. “As máscaras de tecido não são as mais eficientes, com certeza”, afirmou o jornalista. 
 
“Os repórteres foram autorizados a usar máscaras de pano por cima das descartáveis. Só pedem para que sejam brancas”, pondera o repórter global que não se identificou.
 
Na Record Tv, a instrução é a mesma: profissionais podem utilizar duas máscaras, desde que sejam brancas. De acordo com a nota, a Band chegou a distribuir máscaras mais resistentes aos seus funcionários do departamento de jornalismo. Entretanto, um repórter disse ao Observatório da Tv que a emissora não obrigou a utilização. “Cada um prefere usar a sua. Tenho a cirúrgica descartável e a de pano. Só coloco a N95 quando entro em hospitais, o que é raro”, informou um repórter. 
 
Abaixo, as notas de cada emissora procurada pelo jornalista, Paulo Pacheco
 
Tv Globo: “Desde o início da pandemia no Brasil, a Globo segue protocolos de segurança rigorosos para a proteção de seus funcionários que precisam continuar a trabalhar para levar informação ao público. Em todas as redações e gravações externas, os cuidados foram reforçados, com o uso obrigatório das máscaras, microfones diferentes para repórteres e entrevistados, uso de álcool isopropílico, lenços descartáveis e álcool gel para higienização de mãos, microfones e equipamentos. Por causa do agravamento da pandemia de covid-19, o Jornalismo da Globo tomou, no início de março, novas medidas para preservar ainda mais seus colaboradores integrantes do grupo de risco, que já estão trabalhando em home office desde o início da pandemia. Na GloboNews, foram adiados, por pelo menos um mês, os retornos dos programas GloboNews Miriam Leitão, Roberto D’Avila e Diálogos com Mário Sérgio Conti, já que a gravação das entrevistas exigia uma mínima presença de técnicos nas casas dos jornalistas. O Papo de Política voltou às quintas-feiras, na faixa de 23h30, mas sem a presença de Andréia Sadi, que está grávida. Na Globo, as gravações com Gloria Maria para o Globo Repórter estão suspensas pelo mesmo período – ela gravava no jardim de sua casa, ao ar livre, mas a opção foi por aumentar ainda mais os cuidados. Como acontece desde o início da pandemia, os jornalistas do grupo de risco têm trabalhado de casa, contribuindo para a extensa e fundamental cobertura da pandemia e de outros fatos importantes no Brasil e no mundo, em todas as plataformas do jornalismo da Globo”. 
 
Cultura: “A TV Cultura disponibilizou a máscara N95 para todos os repórteres e cinegrafistas, e reduziu as reportagens externas como elementos de uma série de cuidados ampliados nesta fase emergencial da pandemia. Além disso, os profissionais foram orientados a utilizar a máscara face shield em determinados locais de trabalho, quando há maior aproximação de pessoas. Especialmente em situações de contato, os jornalistas e equipe técnica estão orientados a usar N95 ou duas máscaras, sendo uma delas de TNT. Ainda na fase emergencial, serão testados de forma aleatória e por amostragem todos os colaboradores que trabalham na FPA [Fundação Padre Anchieta]”. 
 
SBT: “Estamos avaliando uma série de medidas para proteger nossos profissionais nesta fase crítica. Uma delas é a escolha da máscara adequada. Máscara PFF2 só para reportagens em hospitais e clínicas. Para reportagem na rua ainda é indicado a máscara de tecido, e mais importante do que a máscara é seguir as recomendações de higiene e distanciamento”. 
 
Record Tv: “Para este momento, a recomendação é manter o distanciamento dos entrevistados; preferência por entrevistas virtuais; uso de dois microfones; estar sempre de máscara (a que já disponibilizamos); suspender viagens; se possível, não trazer convidados ou entrevistados para a emissora; e evitar qualquer situação de maior risco, além de seguir o nosso protocolo de biossegurança”. 
 
Band: “Desde o início da pandemia, a Band vem tomando todas as medidas sanitárias de combate à Covid-19, o que inclui a contratação de infectologistas, a frequente higienização dos departamentos, distribuição de máscaras, totens de álcool em gel à disposição dos colaboradores e melhorias dos espaços para manter o distanciamento. Além disso, com o aumento de casos no país, houve o afastamento do grupo de risco e o incentivo ao home office. A diretoria de Recursos Humanos e o corpo clínico da emissora continuam fazendo monitoramentos e comunicados periódicos para lembrar da importância do uso de máscaras na prevenção à doença, inclusive com advertência aos profissionais que não utilizarem o acessório. Não há nenhuma distinção entre as categorias quanto ao tipo de máscara. Todos os funcionários são orientados da mesma forma a se protegerem”. 
 
Rede Tv!: “Os profissionais que trabalham nas ruas são orientados a sair da emissora com um kit de máscaras descartáveis, lysoform, álcool em gel e luvas. Também faz parte das medidas aplicáveis às equipes de externa o uso de dois microfones durante as reportagens, um exclusivo para o jornalista e o outro para o entrevistado. A emissora não descarta adotar também o uso das máscaras citadas. Por ora, há o fornecimento de máscaras descartáveis”. 

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