De médico para paciente

"Estou sendo paciente por aqui, entendendo que a recuperação é um processo, com pequenas vitórias a cada dia"

Vidal Balielo Jr./Pexels
(foto: Vidal Balielo Jr./Pexels)

Mudar do lado da mesa cirúrgica é muito diferente para um cirurgião como eu. Isso aconteceu comigo na última semana e vou relatar aqui para vocês a minha experiência de paciente.

Por ironia do destino, escrevi uma coluna aqui há três semanas falando sobre os cuidados na prática do ski nessas férias de inverno. Mesmo tomando esses cuidados, me envolvi em um acidente esquiando e rompi dois ligamentos do joelho, o que me motivou a deitar sobre a mesa de cirurgia na última semana.

Sem desejar mal a ninguém, mas acho que todo médico deveria passar por essa experiência que, apesar de desconfortável, é enriquecedora do ponto de vista profissional. A ansiedade, o medo meio que sem motivo, a tremedeira, o ambiente estranho, a dor...

São todas sensações muito reais e senti-las na própria pele obviamente me fez colocar no lugar dos meus pacientes. Isso é importante, pois para mim, operar um paciente é algo que faz parte da minha rotina, mas, para o paciente e, nesse caso, para mim, ser operado não é comum e gera bastante desconforto.

Interessante é ver como as pequenas coisas são capazes de nos confortar, de nos deixar mais seguros, mais confiantes. O bom dia da recepcionista, o check-list bem feito da técnica de enfermagem, a explicação detalhada do que será feito pelo anestesista e pelo cirurgião. Cada gesto e toque educado gera conforto e nos faz passar por aquela situação com menos apreensão.

Passado o momento tenso do procedimento, é hora de verdadeiramente vestir a carapuça do PA-CI-EN-TE. O nome não é à toa. A recuperação cirúrgica é demorada, não é mágica, precisa de muita paciência e resiliência.

Estou sendo paciente por aqui, entendendo que a recuperação é um processo, com pequenas vitórias a cada dia. Se for o caso, façam o mesmo! Respeitem o seu corpo, sigam em frente e fiquem bem!