Torci meu tornozelo, devo ter algum cuidado para praticar esportes?

Os entorses podem acarretar diversas alterações biomecânicas no tornozelo e o retorno ao esporte deve ser bem orientado para a prevenção de lesões mais graves

Revista Encontro/Reprodução
(foto: Revista Encontro/Reprodução)

“Foi só uma torçãozinha!” É dessa forma que a maioria das pessoas recebem o diagnóstico de um entorse do tornozelo. Entretanto, os entorses podem acarretar diversas alterações biomecânicas no tornozelo e o retorno ao esporte deve ser bem orientado para a prevenção de lesões mais graves.

Para início de conversa, devemos ter o conceito de que um torção do tornozelo envolve a lesão de ligamentos, sendo os mais comumente acometidos os ligamentos laterais do tornozelo.

Essa lesão pode ser de maior ou menor grau, dependendo da gravidade do entorse. Com ela, o indivíduo tem o risco de desenvolver uma condição que se denomina instabilidade crônica do tornozelo, na qual a cicatrização ligamentar ocorrida foi insuficiente para permitir que o tornozelo recuperasse com boa estabilidade.

Como saber se tenho isso?


A instabilidade crônica se caracterizada pela insegurança relacionada ao tornozelo, com a sensação de que o mesmo possa torcer a qualquer momento.

Isso pode ainda estar associado a verdadeiros episódios de falseio ou de verdadeiros entorses do tornozelo. Além disso, a dor na região anterolateral do tornozelo (na frente e na parte de fora) pode estar associada, devido à fibrose e inflamação local.

Dependendo de como a reabilitação foi feita após um entorse grave, até 40% dos pacientes podem cursar com instabilidade crônica que, além de ser um problema em si, é um fator de risco para o desenvolvimento da Artrose do Tornozelo, uma condição degenerativa da articulação de maior gravidade.


Como evitar a instabilidade?


Para evitar esse tipo de progressão, uma reabilitação fisioterapêutica adequada é um dos pilares do tratamento, envolvendo medidas antiinflamatorias, ganho de equilíbrio e propriocepção e reforço de musculatura fibular.

Além disso, o retorno às situações de instabilidade, incluindo a pratica esportiva, deve ser protegido. Essa proteção pode ser feita com bandagens, esparadrapagens ou com tornozeleiras esportivas que limitem os movimentos em inversão e eversão do tornozelo.

Essa proteção deve ser mantida por 6 meses segundo alguns protocolos, mitigando a chance de recidiva ou piora da instabilidade, evitando assim novos entorses.

Mesmo seguindo um protocolo adequado e todas as recomendações médicas e fisioterapêuticas, alguns indivíduos cursam com instabilidade persistente, mesmo que sutil.

Nesse casos uma consulta ortopédica especializada é necessária para a avaliação da necessidade de reparo dos ligamentos de forma cirurgica, com o objetivo de tratar a dor, dar estabilidade ao tornozelo, evitar os entorses de repetição e, em última análise, previnir uma possível artrose que poderia ocorrer no futuro.

Cuidem dos seus pés! São eles que te levam cada vez mais longe!