Cuidados com a higiene íntima feminina

Atenção à saúde ginecológica da mulher é importante da infância ao envelhecimento e não pode ser descuidada

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(foto: Pexels/reprodução)

Os cuidados com a higiene são afetados por preferências pessoais, normas culturais e influências sociais. Tais práticas podem trazer implicações para a saúde ginecológica da mulher. Nesta semana, vamos falar sobre cuidados com as crianças antes da primeira menstruação.



Higiene genital das recém-nascidas e bebês
A vulva da recém-nascida sofre influência de hormônios residuais maternos no corpo da bebê. Imediatamente após nascimento, os lábios vulvares ficam inchados e há presença de secreção vaginal fluida e branca nas primeiras semanas após nascimento. A secreção é normal e pode ser gentilmente limpa de frente para trás com um lenço, pano ou algodão umedecido. Com a diminuição da concentração dos hormônios maternos, a recém-nascida pode apresentar pequeno sangramento vaginal, o que pode durar por 3 a 4 semanas após o nascimento.
Aderências labiais (como se os lábios da vulva estivessem grudados) podem aparecer nas meninas entre 2 meses e 2 anos de idade. Tal condição, decorrente de deficiência de estrogênio (hormônio feminino), deixa a vulva com aparência plana que pode provocar ansiedade nos pais. Geralmente, as aderências são assintomáticas e melhoram sem a necessidade de tratamento. Quando a aderência impede a saída de urina, pode haver sintomas urinários ou vulvovaginite. Nesse caso, o médico deverá ser consultado para avaliar uso de medicamento local que permita o tratamento da aderência.

O controle da urina e das fezes é a principal mudança higiênica na infância. O contato prolongado da pele da região genital com urina e fezes pode causar irritação e vermelhidão, causando a “dermatite de fralda”. O uso de produtos de barreira e fraldas absorventes permite manter a pele seca e impede ação da urina e fezes e prevenção desse tipo de dermatite.

Higiene genital das meninas
A manutenção de hábitos de higiene genital adequados nas meninas é desafiadora quando os pais deixam de supervisionar o banho das meninas. Higiene vulvar precária pode levar a acúmulo de esmegma – uma secreção pastosa que se acumula nas dobras da vulva, principalmente entre os pequenos lábios e região do clitóris. O esmegma endurece com o tempo, causando dor ou prurido local. A lavagem gentil e suave rotineira da vulva previne essa condição. 

Para evitar contaminação da vulva por fezes, as meninas devem ser ensinadas a se limpar da região vulvar para a anal, ou seja, “de frente para trás”.  O senso comum determina que hábitos de higiene adequados são desejáveis e saudáveis. Entretanto, mesmo aquelas meninas com boa higiene podem ter vulvovaginite. Nesses casos, pode haver:
Condições dermatológicas associadas como fator irritativo (ex: uso de sabonetes, amaciantes nas calcinhas), dermatite atópica, psoríase ou líquen;
Parasitoses intestinais (as meninas podem se queixar de prurido anal noturno antes de apresentar vulvite);
Autoinoculação de germes das vias aéreas, como pela bactéria Streptococcus beta hemolítico.
Importante lembrar que a contaminação da vulva por fezes nem sempre decorre de maus hábitos de higiene. Meninas com constipação intestinal podem ter “transbordamento” das fezes que, além da vulvovaginite, também podem apresentar infecção urinária de repetição. Aos cuidados com a higiene vulvar, as meninas devem ser supervisionadas para:

Não segurar urina: a criança tende a adiar a ida ao toalete, o que é fator de risco para infecção urinária;
Ingerir bastante água: hidratação permite bom funcionamento dos rins e aumento da micção;
Evitar constipação intestinal: a melhora do funcionamento do intestino impede que haja contaminação da genitália por fezes por transbordamento.
Menos frequente, pode haver corrimento vaginal amarronzado graças à presença de corpo estranho que a própria menina pode deixar após a higiene genital. Ao exame da genitália, podem estar presentes pedaços de papel higiênico ou lenço que devem ser removidos gentilmente com algodão úmido ou lavagem local. 

O cuidado com as meninas inclui, ainda, a avaliação de presença de sinais de abuso sexual. A criança precisa ser orientada a realizar sua higiene pessoal de maneira gentil e delicada. Na presença de mudanças de comportamento da menina ou identificação de lesões na genitália, procure um profissional de saúde para melhor orientação.

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