Veja cuidados para manter a saúde ginecológica da mulher na terceira idade

É preciso avaliar vários fatores para que idosas vivam bem e com saúde

Augusto Guimarães Pio 13/01/2019 07:00
Ilustração/CB/Valdo Virgo
(foto: Ilustração/CB/Valdo Virgo)

Um dos fenômenos mundiais é o envelhecimento populacional, que requer algumas dicas para a mulher envelhecer saudavelmente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida da mulher é de 79,4 anos. Por isso, é preciso avaliar vários fatores para que ela viva bem e com saúde. De acordo com Agnaldo Lopes Silva Filho, ginecologista da Rede Mater Dei, professor da UFMG e vice-presidente da Região Sudeste da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o rastreamento de câncer é de extrema importância.

“A realização dos exames preventivos, como o Papanicolau – para o câncer de colo de útero, a mamografia - para o câncer de mama, e a colonoscopia - para o de colorretal, são recomendações para esse público. É important também avaliar o calendário vacinal, principalmente as vacinas antipneumocócicas e contra o herpes-zóster”, alerta o médico. “Outro cuidado observado é a atrofia vaginal, causada por uma redução na produção de estrogênio, comum nessa faixa etária. A reposição hormonal ou mesmo a utilização de hormônios locais ou outros medicamentos são recomendados para melhorar essa condição. A mucosa da vagina fica atrófica, tornando-a predisposta a infecção urinária, dificuldade nas relações sexuais e outras doenças.”

Agnaldo ressalta que, ultimamente, tem havido mudança na sociedade com uma valorização da sexualidade das mulheres nessa faixa etária. “Por outro lado, doenças como a Aids também têm acometido essa faixa etária. É importante ressaltar que a disponibilização de medicamentos para disfunção erétil fez aumentar o ato sexual na terceira idade. O preservativo é o método mais simples e eficaz para prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis. Durante qualquer relação sexual (orais, anais e vaginais), o uso da camisinha é indispensável”, aconselha o especialista.

“As doenças sexualmente transmissíveis (DST) na terceira idade ainda são um tema polêmico em decorrência da complexidade clínica e da forma como são abordadas em relação aos idosos, e preocupam os profissionais do cuidado clínico. Conforme dados do Ministério da Saúde, cerca de 4% a 5% da população acima de 65 anos apresenta alguma doença transmitida sexualmente. Dados do Boletim Epidemiológico de 2017 apontam que, em 2016, quando foram registrados 1.294 casos, houve o crescimento de 15% no índice de pessoas acima de 60 anos com o vírus HIV”, esclarece Agnaldo.

RASTREAMENTO

Ele conta que as DST mais comuns na terceira idade são a Aids, o HPV, e as hepatites B e C. “O tratamento das DST deve ser feito com a análise dos dois parceiros, que devem ser tratados simultaneamente, evitando a recorrência ou a disseminação. Outro problema é o fato de como os profissionais devem lidar com a situação para não causar constrangimento e diminuir as chances de detecção do diagnóstico para tratamento precoce. É importante ressaltar que o tratamento mantém o mesmo padrão nas outras faixas etárias e que a melhor recomendação é a prevenção, para manter uma vida com qualidade.”

Agnaldo ressalta que, no Brasil, o rastreamento é recomendado para mulheres entre 25 e 64 anos e as que já iniciaram atividade sexual. “A rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do exame Papanicolaou a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com intervalo de um ano.

Em relação à mamografia, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomendam que seja anual para as mulheres a partir dos 40 anos, visando ao diagnóstico precoce e à redução da mortalidade. Tal medida difere das recomendações atuais do Ministério da Saúde, que preconiza o rastreamento bianual, a partir dos 50 anos, excluindo uma faixa importante da população (mulheres entre 40-49 anos), responsável por cerca de 15%, 20% dos casos de câncer de mama.

Agnaldo explica que saudável é envelhecer em estado de completo bem-estar físico, mental e social e não, simplesmente, com a ausência de doenças ou enfermidades. “O envelhecimento saudável é uma consequência de uma vida saudável. As mulheres devem se preparar para essa faixa etária mais avançada com a prática de atividade física, evitando o álcool e o tabagismo, cuidando da saúde de forma geral.”