Automedicação: ''Ao persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado''

Brasil é recordista mundial em automedicação; 72% da população se medica por conta própria e 40% faz autodiagnóstico usando internet

Benny Cohen/EM/DA Press
(foto: Benny Cohen/EM/DA Press)

Hoje vamos conversar sobre a automedicação, uma mania nacional. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), duas pessoas se intoxicam por hora com medicamentos no Brasil devido a problemas como a automedicação.

Levantamento feito em 2018 pelo Instituto de Ciência e Tecnologia e Qualidade (ICTQ), mostrou o Brasil como recordista mundial em automedicação, com 72% dos brasileiros se medicando por conta própria e 40% fazendo autodiagnóstico usando a internet.

Diagnósticos imprecisos podem dificultar ainda mais a escolha do medicamento correto entre as mais de 32 mil marcas disponíveis.
O problema é tão sério que levou à criação do ''Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos'' todo dia 05 de maio.   

Quase todo mundo mantém em casa uma "farmacinha" com remédios para os mais diversos problemas tais como alergias, febre, dor de cabeça, cólicas menstruais,  diarreia, prisão de ventre e muitos outros. 

Diminuição global dos glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas, reação alérgica grave e pressão baixa podem ser efeitos colaterais de uma simples dipirona. Tinturas para cabelos que contenham chumbo e usadas na gestação podem causar malformações fetais, os cremes de ginseng podem crescer o endométrio levando a lesões precursoras de câncer, o uso abusivo e sem critérios dos antibióticos pode facilitar o aparecimento de microorganismos resistentes. Em tempos de pandemia do coronavírus pessoas têm comprado e até estocado cloroquina e hidroxicloroquina antes que os estudos científicos sejam categóricos na indicação do tratamento mais eficaz. 

Várias situações levam os indivíduos a optarem pela automedicação: marketing, falta de recursos para ter acesso ao médico, hospital ou centro de saúde e fácil acesso à compra de medicamentos sem receituário médico. Até mesmo pessoas instruídas e sem problemas financeiros praticam a automedicação.  Familiares, amigos e vizinhos são citados como os principais influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem prescrição

Os medicamentos mais procurados são os analgésicos, antitérmicos, antiinflamatórios, descongestionantes, antibióticos, antimicóticos e vermífugos. Não existe automedicação inocente ou 100% inócua. Uma dose acima da indicada, administrada por via inadequada ou para fins impróprios pode transformar-se em algo perigoso. 

As pessoas não imaginam quantos problemas relacionados a isso aparecem nos hospitais. Reações alérgicas, gastrites, úlceras, acidentes vasculares cerebrais, piora do quadro clínico e aumento das dificuldades para combater doenças já instaladas. A automedicação pode até aliviar os sintomas mas em alguns casos pode retardar o diagnóstico. 

Existe também uma modalidade diferente de automedicação. Aquela na qual a pessoa passou pelo profissional de saúde, tem um diagnóstico, recebeu uma receita mas não usa o medicamento conforme orientado alterando a dose receitada alegando que o medicamento fez mal, a doença já estava controlada ou que ele é muito caro ou até aumentando a dose alegando que poderá melhorar mais rápido. 

Deve-se ressaltar a necessidade de a população obter informações adequadas e suficientes sobre o uso correto dos medicamentos visando a uma utilização mais racional, segura e eficaz. O melhor a fazer é procurar um médico diante de qualquer sintoma. O farmacêutico sendo o último profissional a entrar em contato com o paciente antes do início do tratamento tem um papel importante informando os riscos potenciais relacionados à medicação. 
 
Lembre-se que o mais importante é a sua saúde! Boa sorte!
 
Se você tem dúvidas sobre este tema ou quer sugerir um assunto para a coluna me envie um email: marcoszagury@hotmail.com