Trombose e a Síndrome da Classe Econômica: mito ou verdade?

Problema foi relatado pela primeira vez por um passageiro de avião há 65 anos; espaço restrito entre poltronas coloca viajantes em risco

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(foto: Pixabay)

Mais um ano que termina e outro que se inicia. Chegam as férias e também um maior número de viagens pelas pessoas. Existe realmente um maior risco de trombose nas pernas com as viagens de avião? Que cuidados tomar?

A Trombose Venal Profunda (TVP) relacionada a viagens de avião, também descrita como Síndrome da Classe Econômica, foi relatada pela primeira vez em 1954, quando um cirurgião americano John Homas diagnosticou a doença em um homem que havia voado por 14 horas.

O grande risco da trombose venosa conforme mencionamos em artigo anterior é a migração de um trombo das pernas para os pulmões, quadro chamado de embolia pulmonar. A embolia pulmonar, quando muito extensa, pode levar à morte (o trombo obstrui o pulmão, que pode “parar de respirar” e de oxigenar o sangue).

As viagens de avião com duração maior que 5 horas são um fator de risco para trombose, principalmente naqueles pacientes já com fatores predisponentes ( história prévia de trombose, história de câncer, obesidade, uso de anticoncepcionais orais, reposição hormonal). São pessoas mais susceptíveis, que irão ficar assentadas e quase imóveis por horas dentro de um avião. Devido ao pouco espaço entre as poltronas do avião, a mobilidade do passageiro fica limitada, o que dificulta a circulação. As poltronas do avião são apertadas, o passageiro fica retraído e isso favorece a formação de trombose nas pernas.

Durante a viagem de avião, diversos fatores contribuem para o aumento do risco de uma trombose. A imobilização por longos períodos, a desidratação decorrente da menor umidade do ar na cabine e também a diminuição dos níveis de oxigênio contribuem para menor retorno do sangue em direção ao coração, favorecendo o surgimento da trombose venosa.

Algumas medidas muito simples ajudam a evitar esse risco:
- Sentar na poltrona do corredor, pois facilita a pessoa de se levantar para deambular ("passear", no caso, pelos corredores da aeronave)
- Deambular a cada 2 horas;
- Fazer movimentos com os pés para contrair e relaxar a panturrilha, favorecendo a drenagem do sangue para o coração;
- Evitar consumo de bebidas alcoólicas, pois favorecem a desidratação pelo aumento da diurese e também levam a uma menor mobilização do passageiro durante o voo;
- Manter-se bem hidratado, com ingestão de água e sucos. O organismo bem hidratado favorece a circulação do sangue nas pernas, evitando a estase venosa e diminuindo o risco de formação de um coágulo nas veias profundas;
- Usar meias elásticas. As meias de compressão elásticas são de uso quase que obrigatório a fim de se prevenir as tromboses durante as longas viagens. A compressão proporcionada pelas meias favorece o retorno do sangue dos membros inferiores em direção ao coração. Além da prevenção da trombose, também proporcionam um grande conforto ao viajante, diminuindo o inchaço nas pernas após a viagem e trazendo uma sensação de “pernas mais leves” ao final do longo trajeto. Pode-se dizer que as pernas chegam mais “inteiras” ao final do percurso.

Pacientes que tenham algum fator de risco para trombose (uso de anticoncepcionais orais, obesidade, trauma, passado de trombose venosa) devem ser avaliados previamente pelo Angiologista para possível uso de medicação anticoagulante ( injeção ou comprimidos), além das medidas acima de prevenção já indicadas.

 

Se você tem dúvidas sobre trombose e viagens de avião, mande pra mim: Lgbez@terra.com.br

 

No mais, agora é hora de relaxar e curtir as férias. Boa viagem a todos!