Qual é a relação da felicidade com a idade?

Esse sentimento é um estado, é mais estável e perene do que a alegria, e se relaciona ao bem-estar, à autoconfiança e à paz interior

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(foto: Pixabay/Reprodução )
Estamos em pleno carnaval no Brasil. O carnaval  é cor, é música, é pura alegria e alegria é felicidade! Ou será que não é? Na verdade não é, necessariamente. No carnaval, o que vemos é alegria mesmo. Assistimos à demonstração explícita desse sentimento. No texto de hoje vou explicar os conceitos de alegria e de felicidade e, como esses sentimentos se relacionam à idade. Será que ficamos mais ou menos felizes com o passar dos anos? Ou será que felicidade não tem nada a ver com idade? 
A felicidade é um estado, é mais estável e perene do que a alegria, e se relaciona ao bem-estar, à autoconfiança e à paz interior. A felicidade é completamente pessoal. Para Aristóteles, ela se relaciona à virtude do homem que, por sua vez, se vincula às suas escolhas guiadas pela razão. Para este filósofo grego a felicidade é gerada por escolhas virtuosas.

Segundo Maria Auxiliadora Souza Brasil, psicóloga mineira e fundadora do CEPAFE (Centro de Psicoterapia Analítico Fenomenológico Existencial), a felicidade não é uma utopia; ela decorre da aquisição da vivência mística, bem estar do corpo, da experiência mística, bem estar psíquico, e do êxtase místico, bem estar espiritual. A alegria está ligada ao momento, ela é um transbordamento da felicidade que se torna perceptível aos sentidos de quem experimenta e de quem observa. Um momento de muita alegria tem grandes chances de se tornar uma memória para toda a vida. 

Muito se fala hoje a respeito do que acontece com a felicidade ao longo da vida. A literatura está cheia de obras recentes explorando esse assunto, e o cinema também vem  abordando este tema por meio de séries de TV e longa metragens. Mas, chamou minha atenção uma pesquisa que começou a ser desenvolvida em 2008, em Nova York. 

Nela, um grupo de profissionais liderado pelo psicólogo Arthur Stone, professor, Phd e diretor do departamento de medicina do comportamento da faculdade de medicina da Stone Brook University, entrevistou 350.000 norte americanos, por meio de questionários aplicados por telefone. Nesses questionários foram feitas perguntas relacionadas ao bem estar dos entrevistados e emoções percebidas no dia anterior à entrevista. Os resultados foram curiosos e animadores. 

Segundo os resultados dessa pesquisa, a tendência é que a nossa sensação de bem estar global reduza dos 20 aos 50 anos e aumente de forma constante a partir dessa idade. Da mesma forma, a alegria e o prazer aumentariam depois dos 50 anos. Por outro lado, o inverso tende a acontecer com os sentimentos negativos: a preocupação excessiva é grande até os 50 anos e depois cai vertiginosamente, a sensação de raiva já começa a diminuir aos 20 anos e cai progressivamente, sendo muito baixa após os 50, e o estresse atinge o ápice aos 20 anos e cai muito após os 50 anos. 

Analisando esses resultados o que vemos é que a medida do bem estar percebido, ou a felicidade hedônica, talvez tenha o formato de um U ao longo da nossa vida e, dizem por aí que "o fundo do poço” se encontra por volta dos 45 anos (exatamente a idade que completo este ano) e que, dali em frente é “para o alto e avante”, será?

Se podemos acreditar e generalizar esse resultado não sabemos. Existe uma distância entre as pesquisas e a vida como ela é, mas é extremamente digna e bem vinda a vontade de compreender melhor os fatores envolvidos nos sentimentos e comportamentos humanos. Mas, certamente, uma coisa deveria sim mudar com o nosso amadurecimento, deveríamos escolher melhor nosso próximo passo e acreditar que o futuro já chegou, para assim sabermos viver nosso presente com a plenitude que ele merece. Dessa forma, com menos correria e maior presença, não há como a vida não melhorar, não ser menos ansiosa e mais feliz após os 50. 

Independente de sua idade, aproveite esse momento, seja feliz e transborde sua alegria, afinal, é carnaval!

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