Câncer hepático: a importância do acompanhamento multidisciplinar

É preciso reunir profissionais aptos e que possuem experiência em tratar fígados doentes, como oncologistas, hepatologistas, radiologistas, cirurgiões e outros

Carolina Vieira 04/06/2021 06:00
Gerd Altmann/Pixabay
(foto: Gerd Altmann/Pixabay)

O tratamento dos tumores primários do fígado, chamados de hepatocarcinoma ou carcinoma hepatocelular, ainda representa um desafio na medicina. Para conversar sobre sua experiência nesta área, convido o doutor Antonio Scalabrini Neto, médico oncologista do Grupo Oncoclínicas.

Qual a diferença entre nódulo hepático e hepatocarcinoma?

O chamado nódulo hepático consiste em qualquer estrutura, predominantemente com o formato esférico, encontrado no interior do fígado ou na sua superfície.

É importantíssimo ressaltar que a presença de um nódulo hepático é sempre uma condição anormal, podendo ser de caráter benigno ou maligno, e por isso deve ser investigada.

O hepatocarcinoma é um tipo raro de nódulo hepático, porém muito grave, e é o tipo que mais preocupa o médico. Se descoberto bem no início, ele pode ser curado em quase 100% dos casos.

Como surge o hepatocarcinoma e qual a sua relevância dentro da oncologia?

O hepatocarcinoma surge em quase sua totalidade em fígados com cirrose, podendo a cirrose ter sido causada por álcool, hepatites ou doenças mais raras. Ele atualmente é a quinta causa de morte por câncer, tendo um impacto sócio-econômico muito negativo para o país.

Quais são os fatores de risco para o surgimento desse câncer?

Qualquer fator que aumente o risco de cirrose, como: bebidas alcoólicas, os vírus da hepatite, a deposição de gordura no fígado e a cirrose em que não se detecta a causa.

Por que é tão importante uma avaliação multidisciplinar dos pacientes acometidos por esta doença?

Porque é uma doença que se desenvolve em um fígado já muito doente. Assim é preciso reunir vários profissionais que estão aptos e que possuem experiência em tratar fígados doentes, no caso oncologistas, hepatologistas, radiologistas, cirurgiões e outros profissionais.

Em casos extremos, quando o fígado não suporta nenhum tratamento, opta-se pelo transplante hepático. Nesta situação, um novo fígado é colocado no paciente após o fígado doente ser retirado. Nestes casos, serão tratados o hepatocarcinoma e a cirrose que o gerou, ou seja, as duas doenças.

Como ocorre o funcionamento de um serviço especializado em nódulos hepáticos? Quais são os profissionais envolvidos?

O paciente chega ao serviço após ter sido avaliado por outro médico (generalista ou não), com histórico de nódulo hepático que precisa de avaliação especializada. O caso é discutido, exames são revistos ou refeitos, sendo feito um diagnóstico, que será discutido entre a equipe para selecionar o tratamento mais adequado ao paciente. No caso, esse tratamento pode variar desde o seguimento periódico do nódulo, até o transplante hepático, quando é indicado

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