A importância da participação do cirurgião oncológico no Dezembro Laranja

Especialista resolve dúvidas sobre o câncer de pele e sobre o papel do cirurgião oncológico na avaliação e tratamento dos tumores

Carolina Vieira 25/12/2020 06:00
Marcos Vieira/EM/D.A Press
(foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Dando continuidade ao Dezembro Laranja, iniciativa que faz parte da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele, convido o doutor Henrique Camilo, cirurgião oncológico da Rede Mater Dei de Saúde e do grupo Oncoclínicas para tirar algumas dúvidas sobre o tema.

1- Qual o papel do cirurgião oncológico no tratamento dos tumores de pele?


O cirurgião oncológico é um dos pilares no tratamento multidisciplinar dos tumores de pele. É responsável por prevenção, diagnóstico, estadiamento e tratamento. Deve reconhecer qual o tipo de câncer de pele em questão, respeitando as singularidades da doença e do paciente em questão. Deve ser capaz de definir, em conjunto com as demais especialidades médicas envolvidas, qual é o melhor tratamento, podendo ser por meio de cirurgia, medicamentos, radioterapia ou mais de uma opção. O tratamento cirúrgico deve respeitar os princípios técnicos oncológicos e o melhor momento de realizá-lo.

2- É comum o cirurgião oncológico fazer procedimentos em conjunto com o dermatologista ou o cirurgião plástico? Como estas especialidades podem se juntar no combate ao câncer de pele?

Em grandes centros oncológicos de referência podemos contar com essa variedade de especialidades médicas que atuam em intercessão nos procedimentos. A sinergia dessa associação eleva as chances de cura. Por exemplo: diagnóstico clínico na maioria das vezes inicia-se pelo dermatologista, cujo olhar clínico diferenciado é capaz de identificar lesões suspeitas, com ou sem auxílio de tecnologias como a dermatoscopia digital. Ressecções cirúrgicas amplas e com acometimento de órgãos profundos podem exigir a participação de um cirurgião oncológico. Em seguida, as reconstruções dos defeitos anatômicos, quer seja pela extensão da extirpação ou pela nobreza da área envolvida, vão demandar a experiência de um cirurgião plástico. Lembrando que muitas vezes é possível que um desses profissionais seja capacitado para realizar sozinho as três etapas na ausência dos colegas em determinados serviços oncológicos.

3- Quais os principais cuidados após a ressecção de um câncer de pele?

Num primeiro momento, devemos dar atenção à cicatrização das feridas cirúrgicas. Paciente e cirurgião devem estar atentos, a fim de se evitar complicações como infecção, deiscência (abertura indesejada de pontos), sangramentos, seromas, necrose de pele, perda de retalhos e enxertos, queloides e outros. Orientar o paciente sobre os cuidados locais é obrigação do médico para o melhor resultado possível: como e quando lavar a ferida operatória, uso ou não de medicamentos tópicos, exposição solar, banhos de imersão quando retirar os pontos e retornos ambulatoriais periódicos para reavaliação. Checa-se o resultado de anatomia patológica do tumor ressecado, considerando então a necessidade ou não de mais tratamento, que pode ser desde uma nova intervenção cirúrgica, avaliação da oncologia clínica e/ou radioterapia para complementação de tratamento.

4- As chances de recidiva (ou recaída) de um câncer de pele são altas? O que pode ser feito para diminuí-las?

Assim como todo câncer, a recidiva vai depender do tipo de tumor de pele em questão, o momento do diagnóstico, quão completo e adequado foi o tratamento e o acompanhamento do paciente no pós-operatório. Para se evitar essa questão tão indesejada, tanto pelo paciente quanto pela equipe médica, é fundamental o encaminhamento do paciente para um centro oncológico de referência para avaliação multidisciplinar. Lembrando que, após o tratamento, é imprescindível o acompanhamento médico periódico para seguimento oncológico.

Tem alguma dúvida, ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com