Impactos do distanciamento social para pacientes oncológicos e idosos

Isolamento nesta população já tão fragilizada contribuiu para aumentar sintomas ansiosos e depressivos e descompensação de doenças crônicas

Carolina Vieira 11/12/2020 06:00
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(foto: Pixabay)

Em março deste ano, quando iniciamos o período de distanciamento social no Brasil por conta da pandemia do novo coronavírus, tratamos logo de isolar nossos pacientes oncológicos e idosos no geral.

Deixá-los presos em casa e ficar longe significava zelo, prova de amor, um sacrifício para proteger nossos entes queridos que correspondiam ao grupo de maior risco para complicações da COVID-19.

Para comentar a respeito deste tema, convidei a Dra. Bárbara Barroso Quinet, geriatra da Clínica Marcos Andrade, Mais60 Saúde e Rede MaterDei de Saúde.

“Como geriatra, redobrei os cuidados com os pacientes e me afastei dos meus familiares. Dona Rilma, avó emprestada, prontamente se manifestou: 'Coronavírus mata, mas solidão mata ainda mais”. Como sempre, ela tinha razão.

Hoje, podemos observar com muita clareza as consequências do isolamento nesta população já tão fragilizada. No consultório, vemos intensificação de sintomas depressivos e ansiosos, aumento expressivo da ocorrência de quedas, além de descompensação de doenças crônicas e atraso de diagnósticos.

De forma geral, observamos piora da qualidade de vida dos idosos com prejuízo de sua independência e autonomia.

Inatividade física, redução do convívio social, baixa exposição à luz solar, poucas atividades de recreação e lazer, rotina monótona, distanciamento dos familiares, perda da liberdade, abandono de tratamentos.

Não são poucas as causas que, facilmente, podemos relacionar com o aumento dos transtornos mentais e piora da mobilidade que hoje observamos na prática clínica. 

O que fazer se o vírus continua em circulação e os idosos permanecem como grupo mais vulnerável? Aí vão alguns conselhos:

- Não negligencie o cuidado com a saúde. Mantenha ou retome o tratamento de condições crônicas (incluindo o câncer)  e siga as orientações do seu médico. Manter-se o mais saudável possível , com comorbidades bem controladas, também é uma forma de prevenir-se contra as complicações da COVID-19. 

- Não deixe de se exercitar. Crie uma rotina de exercícios pelo menos três vezes por semana, mesmo que dentro do seu domicílio. Exercite-se em casa mesmo, caminhada e exercícios funcionais são ótimas opções. 

- Sol e ar puro são essenciais. Se tiver inseguro ou não for possível um local mais isolado, ao ar livre e sem circulação de pessoas,  tome banho de sol em casa mesmo, pelo menos 20 minutos ao dia, com braços e pernas expostos.

- Mantenha-se ativo. Estabeleça uma rotina de atividades, cuidados com a casa, trabalhos manuais, leitura, jogos de raciocínio, não importa, trabalhe corpo e mente. 

- Conviva, esteja próximo de quem é importante para você. Por telefone, por mensagem, por videochamada, esteja sempre em contato com familiares e amigos. Crie possibilidades para encontros mais seguros, em locais arejados, respeitando o distanciamento e evitando o contato físico. 

Vamos cuidar de nossos idosos, solidão também mata e o dia de viver é hoje!" 

Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva para mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com