Como avaliar a resposta ao tratamento oncológico?

A importância da realização correta dos exames de imagem

Carolina Vieira 28/08/2020 06:00
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(foto: Pixabay)

Dando continuidade na discussão sobre os exames de imagem indicados para os pacientes oncológicos, eu e a Dra Silvana Mangeon, médica especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital Semper e do Instituto Hermes Pardini tiramos mais algumas dúvidas esta semana.

1- Como ocorre a formação do radiologista? Existe radiologista especialista em câncer?

A especialização médica em Radiologia e Diagnóstico por Imagem tem a duração de 3 anos e dedica-se à avaliação diagnóstica através dos métodos de imagem, que incluem o Raio-X, o Ultrassom, a Tomografia Computadorizada (TC) e a Ressonância Magnética (RM), permitindo o diagnóstico de inúmeras patologias. 

Durante a residência médica, o residente tem contato direto com pacientes oncológicos . Além do diagnóstico também, são realizados procedimentos invasivos e terapêuticos que compreendem uma subespecialidade, a radiologia intervencionista. O médico radiologista interpreta os exames e o estudo dedicado é essencial para um diagnóstico preciso. Para cumprir a sua função da melhor maneira possível, ele deve conhecer bem todas as áreas da medicina. Esse médico também precisa estar sempre disposto a interagir com as demais especialidades e colegas, além de em constante atualização, já que lida com equipamentos de alta tecnologia. O profissional de radiologia atua “nos bastidores” auxiliando no diagnóstico e na escolha terapêutica. 

2- Faz diferença um paciente realizar seus exames de imagem sempre no mesmo local?

Sim. Sabe-se que é muito importante para o paciente a realização de exames de qualidade, utilizando-se técnica adequada, com aparelhos de boa resolução para se obter imagens diagnósticas. Uma vez o paciente comparecendo a um serviço, é muito importante que o médico responsável e sua equipe utilizem técnica similar aos exames anteriores, fazendo a comparação destes exames ao laudar, em relação aos achados positivos e negativos, para melhor acuidade e sensibilidade diagnóstica.

3- Para pacientes em tratamento oncológico (ex: quimioterapia) como o radiologista faz para avaliar se o tratamento está tendo boa resposta?

Sabemos que o principal papel do radiologista é interpretar as imagens, fazer hipóteses diagnósticas, analisar os exames e indicar suas impressões. Esta comunicação é feita por meio de laudos escritos direcionados aos médicos solicitantes, a quem os pacientes têm maior acesso. É através do estudo comparativo com os exames prévios (daí a importância de sempre ter acesso aos mesmos) que o profissional analisa as imagens e laudos anteriores, utilizando-se do seu conhecimento, de “guidelines”; e critérios científicos capacitando-o a avaliar a regressão ou progressão da doença ou seja 

4- É possível dar um diagnóstico de câncer apenas com um exame de imagem, ou uma biópsia é sempre imprescindível?

Quanto antes o câncer for descoberto, melhor. Essa é a máxima básica em qualquer situação quando falamos da doença. A importância do diagnóstico precoce do câncer é sempre um fato. Apesar dos exames de imagem apresentarem uma alta acurácia e sensibilidade, devido à evolução da tecnologia e precisão dos achados, o diagnóstico de certeza normalmente é dado através da biópsia, com análise do conteúdo biopsiado pelo patologista, o que levará ao médico oncologista programar o melhor tratamento. Uma exceção pode ser o hepatocarcinoma (câncer primário do fígado), pois, diante de um quadro clínico e exame de imagem compatíveis com a doença, a biópsia pode não ser obrigatória. Sabemos que a progressão do câncer é inevitável sem a abordagem terapêutica adequada, por isso uma assistência oncológica ágil e integrada deve ser sempre almejada.

Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com