Câncer de mama e o impacto físico das cirurgias - como minimizá-lo e promover melhora da auto-estima

Além do bom resultado oncológico, espera-se também que a questão estética seja resolvida; e o cirurgião plástico pode ajudar

Carolina Vieira 16/10/2020 07:19
Pixabay
A cirurgia plástica oncológica pode ajudar a atenuar os impactos físicos e manter a autoestima (foto: Pixabay)

Um dos pilares do tratamento do câncer de mama é a cirurgia, podem ser utilizadas várias técnicas, incluindo a retirada completa das mamas (mastectomia) e cirurgias conservadoras, como a setorectomia.

Além dos desfechos oncológicos, bons resultados estéticos devem ser almejados. Dentro da equipe responsável pelo tratamento cirúrgico, que é centrada no mastologista, podemos contar com a presença também do cirurgião plástico.

Para esclarecer algumas dúvidas sobre o tema, convido a Dra. Júlia Melo, cirurgiã plástica e sócia da Clínica Revittá. 

1. É comum o cirurgião plástico também participar, em conjunto das cirurgias das pacientes com câncer de mama? Como ocorre esta dinâmica entre cirurgião plástico e mastologista?
É comum sim. Na maioria dos hospitais as equipes são integradas. Os mastologistas discutem os casos com a equipe de cirurgia plástica e planejam em conjunto a melhor reconstrução para cada paciente. Em alguns casos, o cirurgião já faz a reconstrução imediata da mama após a mastectomia, ou já inicia a reconstrução com a colocação do expansor de pele, por exemplo.

2. Quais as técnicas mais utilizadas para reconstrução das mamas? Sempre é necessário o uso de próteses?
Nem sempre é necessário o uso de próteses. A reconstrução de mama é baseada na mama contra-lateral da paciente e no tipo de mastectomia indicada. No caso da quadrantectomia, que é uma mastectomia parcial, o tumor é retirado e aquela mama pode ser reconstruída com retalhos da própria mama, próximo por exemplo ao que fazemos em uma mamoplastia redutora. 

No caso da mastectomia total, a reconstrução pode ser feita utilizando retalhos de pele e músculo retirados das costas ou do abdome. Muitas vezes o retalho já é suficiente para dar volume a mama, mas pode ser associado ao uso de próteses de silicone. E há ainda a colocação de expansores de pele, que são inflados regularmente até que a pele se distenda no tamanho desejado. Alguns expansores não precisam ser retirados e outros são trocados por próteses de silicone.

3. Convênios cobrem a reconstrução das mamas? O SUS também? Há algum critério que precisa ser preenchido?
Convênios cobrem a reconstrução de mama, desde que o diagnóstico do câncer de mama e a cirurgia de mastectomia tenha sido feita pelo convênio. O SUS cobre qualquer caso de reconstrução mesmo que o tratamento tenha sido iniciado por convênio ou particular. Aqui em Belo Horizonte quando a paciente faz uma mastectomia pelo SUS ela tem a reconstrução da mama assegurada no mesmo hospital em que operou.

4. As pacientes costumam se preocupar de uma mama ficar muito diferente da outra. Como amenizar?
As pacientes de reconstrução ficam muito felizes em ter de volta o volume daquela mama operada. É muito comum as mamas terem uma diferença após a reconstrução, mas também é assegurada às pacientes, a cirurgia de simetrização, para melhorar essa diferença.

5. Em relação ao mamilo e aréola: caso tenham que ser retirados na cirurgia, como realizar esta reconstrução?
Temos opções de retalhos e enxertos para reconstruir mamilos e aréolas. São pequenas cirurgias, que finalizam o processo de reconstrução. Uma excelente opção e que tem sido cada vez mais realizada é a micropigmentação. Os resultados são muito bons, o procedimento é rápido e é emocionante ver a felicidade da paciente com a recuperação da sua auto-estima.

Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com