Na coluna anterior, comecei a abordar o tema do novo coronavírus e tratamentos oncológicos. Como surgiram várias dúvidas de leitores, gostaria de utilizar alguns casos para dar orientações aos pacientes oncológicos.
A Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) orientou em seu site medidas específicas durante a pandemia. Pacientes em radioterapia ambulatorial normalmente não estão imunossuprimidos. Atenção especial deve ser dada aos portadores de câncer de maior risco: aqueles em tratamento com quimioterapia combinada; os portadores de neoplasias hematológicas (como leucemias, linfomas e mieloma múltiplo); os que realizaram transplante de medula óssea.
Tratamentos para tumores de baixo risco (exemplo: câncer de pele exceto melanoma) devem ser avaliados em relação a adiar o início de tratamento. O caso acima não se encaixava em nenhum destes critérios. Foi sugerida pela SBRT a organização das agendas de tratamento de modo a reduzir o número de pacientes em salas de espera, recomendando que pacientes e acompanhantes permaneçam somente o tempo necessário dentro dos serviços de radioterapia e otimizando medidas de higiene.
2. Doutora, tenho 60 anos, sou hipertensa, operei um câncer de mama inicial e no momento estou recebendo apenas tratamento hormonal adjuvante (de manutenção, com anastrozol). Não estou sentindo nenhuma alteração, tomo meu remédio diariamente e meus exames estão em dia. Minha imunidade pode estar alterada devido a este tratamento? Eu poderia reagendar minha consulta de controle?
Pacientes sem câncer ativo, em uso de tratamento hormonal, a princípio não estão imunossuprimidos. Entretanto, pacientes idosos e com outros problemas de saúde (comorbidades) devem ter cuidados redobrados quanto ao novo coronavírus. Se não há nenhuma pendência médica e você deseja aguardar as próximas semanas para verificar o contexto da pandemia e então reagendar sua consulta de controle, não vejo maiores problemas. Programe-se em relação à sua medicação para que não haja interrupção do tratamento.
3.Eu vinha em acompanhamento para um tumor de rim, com indicação cirúrgica devido ao crescimento de tamanho e possibilidade de comprometimento de vasos. Devo reagendar minha cirurgia?
Cirurgias para câncer confirmado ou tumores de alta suspeição oncológica cujo crescimento poderia implicar em riscos para o paciente a princípio não devem ser adiadas. Tendo em vista que provavelmente serão necessários meses para o controle da pandemia, o crescimento desenfreado destes tumores sem abordagem cirúrgica adequada pode aumentar o risco de complicações e inclusive diminuir as chances de cura. Já tumores benignos ou mesmo malignos de baixo grau/crescimento muito lento devem ser submetidos a avaliação para possível reagendamento cirúrgico.
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