Tratamento expectante para o câncer de próstata

Homens diagnosticados com câncer de próstata localizado não devem entrar em pânico ou apressar as decisões de tratamento

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Os resultados de um estudo recentemente publicado na prestigiada revista científica The New Enrgland Journal of Medicine são encorajadores para os homens que desejam evitar problemas sexuais e de incontinência relacionados ao tratamento do câncer inicial de próstata. Os pesquisadores encontraram evidências de longo prazo de que apenas o monitoramento ativo do câncer localizado é uma alternativa segura à cirurgia ou à radiação imediatas.

O estudo comparou diretamente as três abordagens - cirurgia para remover tumores, tratamento com radiação e monitoramento. A maioria dos cânceres de próstata cresce lentamente, por isso leva muitos anos para se observar os resultados da doença.

Não houve diferença na mortalidade por câncer de próstata em 15 anos entre os grupos, e a sobrevida do câncer de próstata para todos os três grupos foi alta (97%), independentemente da abordagem de tratamento, o que evidentemente se trata de uma excelente constatação.

Os resultados foram publicados recentemente na prestigiada revista médica New England Journal of Medicine e apresentados em uma conferência da European Association of Urology em Milão, Itália. O Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Cuidados da Grã-Bretanha financiou a pesquisa.

A principal orientação que trazem os resultados desse estudo é de que homens diagnosticados com câncer de próstata localizado não devem entrar em pânico ou apressar as decisões de tratamento.

Em vez disso, eles devem considerar cuidadosamente os possíveis benefícios e danos causados %u200B%u200Bpelas opções de tratamento, uma vez que tanto o tratamento cirúrgico quanto o radioterápico podem trazer efeitos adversos e complicações inerentes a cada uma destas modalidades terapêuticas. Entretanto, deve-se ressaltar que um pequeno número de homens com doença de alto risco ou mais avançada precisa de tratamentos urgentes.

Os pesquisadores acompanharam mais de 1,6 mil homens do Reino Unido que concordaram em ser designados aleatoriamente para fazer cirurgia, radiação ou monitoramento ativo. O câncer dos pacientes estava confinado à próstata, uma glândula do tamanho de uma noz, que faz parte do sistema reprodutivo. Os homens do grupo de monitoramento fizeram exames de sangue regulares e alguns passaram por cirurgia ou radioterapia.

A morte por câncer de próstata ocorreu em 3,1% do grupo de monitoramento ativo, 2,2% no grupo de cirurgia e 2,9% no grupo de radiação, diferenças consideradas estatisticamente insignificantes.

Aos 15 anos, o câncer havia se espalhado em 9,4% do grupo de monitoramento ativo, 4,7% do grupo de cirurgia e 5% do grupo de radiação. O estudo foi iniciado em 1999 e os autores afirmam que as práticas de monitoramento atuais são melhores que as disponíveis no início do estudo, com imagens de ressonância magnética e testes genéticos orientando as decisões. Assim, agora temos mais maneiras de detectar uma progressão da doença antes que ela se dissemine. Nos EUA, cerca de 60% dos pacientes de baixo risco escolhem o monitoramento, agora chamado de vigilância ativa.

Na verdade, os pesquisadores observaram a diferença na propagação do câncer em 10 anos e esperavam que isso fizesse diferença na sobrevida em 15 anos, mas isso não ocorreu, conforme demonstrado nos resultados do estudo.

Podemos concluir, portanto, que essa é uma descoberta nova e relevante, útil para os homens quando eles tomam decisões sobre seus tratamentos relacionados ao câncer de próstata inicial.