Sua tosse não para: será que você está com sinusite?

Na sinusite normalmente a história é de uma gripe ou resfriado que 'não sarou'. Depois de muitos dias esperando uma melhora, persistem vários sintomas; entenda

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(foto: Flickr)

Na última coluna abordei a tosse aguda. O assunto é tão extenso que achei melhor dividi-lo. Nesta semana tratarei de tosse subaguda e na próxima coluna, finalmente, da tosse crônica.


A causa mais comum da tosse subaguda é a tosse de origem infecciosa, consequência do processo inflamatório e lesão da mucosa de revestimento das vias respiratórias, decorrente de processo infeccioso prévio, na maioria das vezes virótico, como anteriormente abordado.

A drenagem de secreção oriunda do nariz e seios da face e o refluxo de suco gástrico são gatilhos comuns da tosse. 

Na sinusite normalmente a história é de uma gripe ou resfriado que “não sarou”. Depois de muitos dias esperando uma melhora, persistem peso ou dor na cabeça, dor ou pressão facial, nariz entupido, alterações do olfato (que também podem ocorrer por muitas semanas na COVID-19), secreção catarral pelo nariz ou ao tossir. Alguns pacientes queixam-se também de desconforto ou pressão nos dentes, pressão os ouvidos e mau cheiro no nariz. O tratamento da sinusite nesses casos pode exigir o emprego de antibióticos e corticóides.

Na contramão da viroses, destaco uma de origem bacteriana que não raramente é motivo de visita aos consultórios médicos, mas que por sua evolução e nuances características pode passar despercebida: a Coqueluche.

 A Coqueluche tem taxa de transmissão tão alta, hoje muito conhecida como “R zero”, em pessoas não vacinadas que nos tempos antigos qualquer coisa que virasse moda, “viralizasse”, era chamada de “Coqueluche”. 

Uma pessoa contaminada pela bactéria de nome difícil, Bordetella Pertussis, pode provocar de 12 a 17 novos casos, o que nos remete à importância da vacinação para prevenir essa e outras doenças.

Como praticamente todas as doenças infecciosas, a primeira fase desta doença, a de incubação -intervalo entre o contato como agente infeccioso e a manifestação da doença, dura de 7 a 10 dias, mas pode chegar a 42 dias!

A segunda fase, conhecida como catarral, dura de 1 a 2 semanas e a tosse “cheia” produz, tal qual uma gripe ou resfriado, saída de secreção. Depois disso é um tossir sem parar, na chamada fase paroxística, que dura de 1 a 6 semanas mas podendo se estender  a assombrosas 10 semanas. E a tosse pode ser tão intensa e constrangedora, fora de controle, a ponto de gerar fraturas nas costelas, incontinência urinária e distúrbios de sono!

A terceira e última fase, é a de convalescença: dura de 1 a 2 semanas e pode transcorrer com pneumonia e óbito ou recuperação final.

Felizmente a Coqueluche e outras doenças de origem bacteriana podem ser tratadas com antibióticos e outros medicamentos e prevenidas por vacinas.

Nós médicos sabemos que há uma tendência natural dos pacientes, em um universo enorme de informações disponíveis, em procurar entender e até resolver suas doenças. Mas não custa lembrar que se você está tossindo, a tosse vem acompanhada de falta de ar, secreção sanguinolenta, febre ou durar muitos dias, não deixe de procurar um médico. A internet fornece muitas informações, mas só os profissionais e a experiência podem transformá-las em conhecimento!

Meu nome é Alexandre Rattes, sou Otorrinolaringologista e se você tem alguma sugestão de matéria envie um e-mail para otorrinolifecenter@gmail.com